Durante participação no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia (GO), nesta quinta-feira (17), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao comentar o recente anúncio de tarifas sobre produtos brasileiros. Lula afirmou que, se Trump tivesse promovido no Brasil uma ação semelhante à invasão do Capitólio, teria sido julgado e preso.
“Se o Trump morasse no Brasil e ele tentasse fazer aqui no Brasil o que ele fez no Capitólio, certamente ele também estava julgado e poderia ser preso”, declarou o petista diante de uma plateia de estudantes.
Ao abordar a postura de Trump diante das negociações comerciais, Lula ressaltou sua experiência e criticou a forma como o ex-presidente norte-americano anunciou as medidas tarifárias. “Eu tenho certeza que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida, jamais. Se tem uma coisa que eu sei na vida é negociar. Por isso que o Brasil é um defensor do multilateralismo”, afirmou.
Lula também comentou a carta enviada por Trump em que o norte-americano teria condicionado a suspensão das tarifas à soltura do ex-presidente Jair Bolsonaro, investigado no Brasil. “Trump mandou uma carta via o e-mail dele dizendo que, a partir do dia 1º de agosto, se não liberar o Bolsonaro, que vai taxar em 50%. Nós vamos responder da forma mais civilizada possível e da forma que um democrata responde”, afirmou o presidente.
Para Lula, a mensagem foi autoritária e sem abertura para diálogo: “A carta não fala em negociação, a carta é o seguinte: ou dá ou desce. É essa a lógica da carta. ‘Ou libera o Bolsonaro porque o filho dele está aqui me enchendo o saco: Liberta meu pai, liberta meu pai, liberta meu pai’”, ironizou.
O presidente também criticou a tentativa de ingerência externa em assuntos internos do Brasil. “Nós não aceitamos que ninguém, ninguém de nenhum país fora do Brasil, se meta nos nossos problemas internos que são dos brasileiros. Não é um gringo que vai dar ordem a este presidente da República”, declarou.
Ao final de seu discurso, Lula reforçou que o Brasil pretende avançar na regulação das big techs que atuam no país. “Esse país só é soberano porque o povo brasileiro tem orgulho desse país. A gente vai julgar e vai cobrar imposto das empresas americanas digitais”, concluiu.
