Lula diz estar confiante em reunião com Trump na Malásia

Em visita oficial à Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (24) estar confiante no resultado da reunião que deve ter com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e disse que “não existe veto” sobre os assuntos que poderão ser discutidos entre os dois. O encontro, previsto para o próximo domingo (26), na Ásia, poderá ser o primeiro encontro formal entre os líderes desde o início dos atritos comerciais entre os países.


“Essa reunião está sendo esperada há algum tempo. Eu tenho todo interesse em ter essa reunião e mostrar que houve um equívoco nas taxações. Houve um certo truncamento, mas depois do telefonema do Trump acho que estamos caminhando para mostrar que não há divergência que não possa ser dirimida quando duas pessoas com boa vontade se sentam em uma mesa”, afirmou Lula durante a viagem.

A declaração ocorre em meio à expectativa de uma reaproximação diplomática entre Brasília e Washington, após meses de tensões causadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

Disputa comercial e tentativa de reaproximação

Em abril deste ano, Trump anunciou uma tarifa de 10% sobre importações brasileiras, medida que foi ampliada em julho para 50%, em vigor desde o início de agosto. O governo brasileiro considerou a decisão “equivocada” e tentou negociar sua revisão. Uma reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, chegou a ser marcada, mas acabou cancelada por decisão dos EUA.

Lula afirmou que pretende apresentar dados para demonstrar que a balança comercial entre Brasil e Estados Unidos é superavitária para os norte-americanos, o que, segundo ele, “não justificaria o tarifaço”.


“O Brasil tem interesse em colocar a verdade na mesa, mostrar que os EUA não são deficitários, portanto não há explicação para a taxação, nem para a punição de ministros nossos, que não cometeram erro algum”, disse o presidente.

Lula também declarou que nenhum tema será proibido na conversa com Trump. “A gente não tem que ficar com muita frescura não. É dizer o que quer, o que é preciso fazer e fazer. Vou participar da reunião na expectativa de que a gente tenha sucesso naquilo que o Brasil tem interesse”, completou.

Sinais de aproximação entre os governos

A possibilidade do encontro ganhou força após um telefonema entre Lula e Trump em 6 de outubro, quando os dois conversaram por cerca de 30 minutos. Segundo o presidente brasileiro, o diálogo foi positivo e abriu espaço para uma retomada das negociações.

“Depois do telefonema do Trump, estamos caminhando para mostrar que não há divergência que não possa ser resolvida quando duas pessoas sentam na mesa para conversar”, disse Lula.

Após o contato entre os dois mandatários, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, designado por Trump para conduzir as negociações com o Brasil, e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, mantiveram conversas à distância e, na semana passada, se reuniram presencialmente em Washington.

De acordo com ambos, o objetivo é buscar uma solução diplomática para as tarifas e fortalecer a cooperação bilateral em temas econômicos e ambientais.

Agenda na Ásia

Lula chegou nesta sexta-feira (24) à Malásia, onde participará da Cúpula da ASEAN, após cumprir agenda na Indonésia, onde se reuniu com o presidente Prabowo Subianto e com empresários locais. A viagem pela Ásia começou na quarta-feira (22) e se estenderá até a próxima terça (28).

Durante a visita, o presidente tem destacado a importância de diversificar parcerias econômicas, reforçando o papel do Brasil no comércio global, mas sem abrir mão de uma relação “civilizatória e equilibrada” com os Estados Unidos.

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