O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reagiu nesta quarta-feira (6) às críticas feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mencionou os processos contra Jair Bolsonaro (PL) ao anunciar uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros. Em entrevista à agência Reuters, Lula afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga com base em provas e não se abala com pressões externas.
“A nossa Suprema Corte não está dando a mínima para o que fala Trump. E nem pode dar. Como a Suprema Corte americana não dará a mínima se eu estiver fazendo uma crítica a eles. A Suprema Corte está julgando Bolsonaro com base nos autos e nas delações do pessoal que trabalhou com Bolsonaro. Não tem nada inventado”, afirmou.
Na carta divulgada ao anunciar a nova tarifa, Trump acusou a Justiça brasileira de perseguir Bolsonaro e citou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, relator das ações contra o ex-presidente e responsável por determinar sua prisão domiciliar.
Lula, por sua vez, voltou a classificar o comportamento de Bolsonaro como autoritário e defendeu que ele e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), respondam por mais processos. Para o petista, ao incentivar sanções dos EUA contra o Brasil, os dois atuam contra os interesses nacionais.
“Ele não estava preparado para disputar eleições e perder, tinha um comportamento de um ditador. Queria se perpetuar no poder”, disse Lula.
“Acho que deveria ser julgado por mais processos, porque o que está fazendo agora, insuflando os EUA contra o Brasil, causando prejuízo à economia brasileira, e aos trabalhadores brasileiros, ele e o filho dele deveriam ter outro processo e serem condenados como traidores da pátria”, defendeu.
Questionado sobre a possibilidade de conversar com Trump para reverter o tarifaço, Lula disse que o cargo de presidente exige postura de firmeza e que não pretende “se humilhar”.
“Um presidente da República não pode ficar se humilhando para outro. Eu respeito todo mundo, exijo respeito comigo. Adoro respeitar as pessoas e adoro ser respeitado”, concluiu.