Manifestantes incendeiam Parlamento no Nepal e premiê renuncia após protestos

A crise política no Nepal atingiu um novo patamar de violência nesta terça-feira (9), quando centenas de manifestantes invadiram o prédio do Parlamento e o incendiaram. A ação, liderada por jovens da “Geração Z”, ocorre em meio à escalada de protestos após a renúncia do primeiro-ministro KP Sharma Oli.


“Centenas de pessoas penetraram no recinto do Parlamento e incendiaram o edifício principal”, afirmou Ekram Giri, porta-voz da instituição, em Katmandu.

O incêndio marca uma nova etapa nas manifestações que abalam o país há uma semana. O movimento, que começou como um protesto contra a proibição de redes sociais, evoluiu para um levante mais amplo contra a corrupção e o nepotismo no governo.

Os manifestantes também incendiaram a residência particular do primeiro-ministro Oli, na cidade de Balkot, e a onda de ataques se espalhou para outras residências de líderes políticos, incluindo as de Sher Bahadur Deuba, do Partido do Congresso Nepalês; do presidente Ram Chandra Poudel; do ministro do Interior Ramesh Lekhak; e do líder do Partido Comunista do Nepal (Maoísta), Pushpa Kamal Dahal. Uma escola particular da ministra de Relações Exteriores, Arzu Deuba Rana, também foi incendiada.

A renúncia de Oli ocorreu após a repressão policial de segunda-feira (8), que deixou 19 mortos. As forças de segurança abriram fogo contra dezenas de milhares de manifestantes que cercaram o prédio do Parlamento. “Muitos deles estão em estado grave e parecem ter recebido tiros na cabeça e no peito”, disse o doutor Badri Risa, do Centro Nacional de Trauma, principal hospital do país.


Apesar de o governo ter revogado a proibição das redes sociais nesta terça-feira (9), a medida não foi suficiente para acalmar os ânimos. “Nossa demanda e desejo é por paz e o fim da corrupção para que as pessoas realmente possam trabalhar e viver no país”, disse o estudante Bishnu Thapa Chetri.

Em resposta à violência, foi decretado toque de recolher por tempo indeterminado em Katmandu e outras cidades, e as escolas foram fechadas na capital. O ministro do Interior Lekhak também renunciou ao cargo, juntando-se a outros três ministros que se opuseram à repressão ordenada pelo governo. Até o momento, 19 jovens morreram e mais de 300 ficaram feridos nos protestos.

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