Mercado de trabalho dos EUA surpreende com criação de 177 mil vagas

A criação de empregos nos Estados Unidos cresceu acima do esperado em abril, enquanto a taxa de desemprego se manteve estável, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Departamento do Trabalho.

A maior economia do mundo adicionou 177 mil postos de trabalho no mês passado, número ligeiramente inferior aos 185 mil revisados de março. Já a taxa de desemprego permaneceu em 4,2%.

Economistas consultados pela agência Reuters previam a criação de cerca de 130 mil vagas em abril. A economia americana precisa gerar aproximadamente 100 mil empregos por mês apenas para acompanhar o crescimento da população em idade ativa.

O relatório divulgado tem caráter retrospectivo e, segundo analistas ouvidos pela Reuters, ainda é cedo para que os efeitos da política tarifária do ex-presidente Donald Trump apareçam no mercado de trabalho.

No primeiro trimestre, a economia foi pressionada por uma onda de importações, à medida que empresas tentavam se antecipar aos novos impostos. O chamado anúncio tarifário do “Dia da Libertação”, feito por Trump, deu início a tarifas agressivas sobre a maioria das importações dos principais parceiros comerciais dos EUA — incluindo um aumento das tarifas sobre produtos chineses para 145% — o que desencadeou uma guerra comercial com Pequim e agravou as condições financeiras.

Posteriormente, Trump adiou por 90 dias a aplicação das tarifas recíprocas mais severas, o que, segundo economistas, funcionou como uma “pausa” para toda a economia. Nesse período, empresas ficaram em estado de paralisia, aumentando o risco de uma recessão caso não houvesse uma definição clara no curto prazo.

Apesar da incerteza, o mercado de trabalho americano segue demonstrando resiliência. Empresas ainda resistem a demitir funcionários após enfrentarem dificuldades para contratar durante e após a pandemia de COVID-19. No entanto, sinais de alerta estão se acumulando.

A confiança do setor empresarial continua em queda, o que, na visão de especialistas, pode levar a demissões em breve. Algumas companhias já estão reagindo à instabilidade: companhias aéreas retiraram suas previsões financeiras para 2025, citando incertezas sobre gastos com viagens não essenciais por conta dos novos impostos.

Na última quinta-feira (1º), a General Motors reduziu sua projeção de lucros para 2025, prevendo um impacto negativo de US$ 4 a US$ 5 bilhões devido às tarifas.

Diante desse cenário, o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, deve manter a taxa básica de juros na faixa de 4,25% a 4,50% na reunião da próxima semana.


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