México deixa negociação com Brasil e Colômbia sobre Venezuela

Autoridades mexicanas decidiram frear a participação do país na iniciativa diplomática, ao lado de Brasil e Colômbia, para mediar um entendimento entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição venezuelana, após acusações de fraude nas eleições presidenciais do dia 28 de julho.

Nos últimos dois dias, o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e sua sucessora, a presidente eleita e aliada, Claudia Scheinbaum, deram declarações interpretadas nos meios diplomáticos como sinais de desengajamento. A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, queixou-se ao jornal El País que o México era o único dos três governos com o qual “não havia ainda interagido”.


López Obrador afirmou, em sua entrevista coletiva diária, que não pretende, por enquanto, atender a nova chamada telefônica entre os presidentes de Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e Colômbia, Gustavo Petro.

– Vamos esperar que o tribunal eleitoral resolva, porque ainda está em processo. Creio que na sexta-feira resolverão sobre as atas e os resultados. Então, vamos aguardar – disse o presidente do México.

TELEFONEMA

Lula e Petro voltaram a conversar nesta quarta-feira (14) por telefone. A Presidência da República, no entanto, não divulgou ainda nenhuma informação a respeito do teor da conversa. O chanceler, Mauro Vieira, embarcou para Bogotá, para se reunir nesta quinta (15), com seu colega colombiano, Luis Murillo.

Os três líderes tentam obter uma saída para a crise política na Venezuela. Entre as possibilidades está uma nova eleição, que já vem sendo analisada por Lula, por ministros e por seu assessor especial, Celso Amorim. Também havia uma proposta para que eles conversassem diretamente com Maduro e com o opositor Edmundo González Urrutia.

A oposição venezuelana já rejeitou a ideia de novas eleições, vista como uma forma de Maduro se perpetuar no poder e anular uma eleição que ele, na verdade, perdeu. No fim de semana, María Corina disse que a única solução é uma transição pacífica de poder.

Os EUA já reconheceram que o opositor Edmundo González Urrutia venceu a eleição presidencial. O governo americano foi seguido por vários países da região, incluindo Argentina, Peru, Equador e Panamá. Brasil, México e Colômbia estariam “segurando o reconhecimento”, exigindo de Maduro a divulgação das atas. Os três países, simpáticos ao regime chavista, apostavam numa na abordagem conjunta para tentar convencer o regime.

Para o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pela ditadura, Maduro foi reeleito com 52% dos votos, ante 43% de Urrutia. A oposição disse ter vencido com 67% dos votos, ante 30% do ditador, com base em cópias de 25 mil atas de votação – documentos que não foram aceitos por Brasil, México e Colômbia.

A política externa de López Obrador recebeu o apoio de Scheinbaum, presidente eleita, que assume em dezembro. Ela defendeu a “transparência” e sugeriu que fossem que todos os recursos fossem esgotados na Justiça da Venezuela – também controlado pelo chavismo.

– Que cheguem à última instância. Se houver problemas, não cabe a nós resolver. Para isso, há instituições internacionais – disse.

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