Os moradores da Zona Oeste do Rio convivem com confrontos entre milicianos e traficantes na região há pelo menos dois anos. Durante esse período, cerca de 14 comunidades deixaram de ser dominadas pela milícia e passaram para o controle do tráfico.
Diante de tanta opressão e violência, moradores de algumas dessas favelas afirmam que sofrem abusos cometidos pelos dois lados e que precisam pagar taxas para traficantes e milicianos ao mesmo tempo.
“É absurda a exploração que já existia e agora triplicou. Porque o povo está tendo que pagar dos dois lados. Na Muzema, é tráfico e milícia. Tem que pagar para o traficante, tem que pagar para a milícia”, comentou um morador que não terá sua identidade revelada.
Preocupados em perder território, os milicianos passaram a explorar ainda mais os moradores que ainda estão sob o domínio deles.
Em Rio das Pedras, por exemplo, último reduto da milícia na região, já existe até a “inflação da bandidagem”. Muitos moradores consideram que morar na região ficou “insustentável”.
“Se não bastasse a sacanagem que já se faz, né, que a milícia faz com o morador, que é de tomar, tomar, tomar, e numa falsa de segurança que tá sendo provada que não existe e nunca existiu, o tráfico também tá vindo numa vertente muito pior. O Estado, ele assiste. Ele não combate, ele é omisso. É incrível ver a ineficiência da polícia”, reclamou um morador.
“É morte todo santo dia. São pessoas sendo expulsas, perdendo suas casas, perdendo um patrimônio que lutaram a vida inteira pra ter. É vergonhoso”, completou.
Enquanto isso, os moradores dizem que as autoridades de segurança só atuam com medidas paliativas. Eles dizem estar abandonados.
“É triste, triste, muito triste. Infelizmente, é algo que parece o fim dos tempos”, lamentou.
- Polícia Federal faz megaoperação contra o Comando Vermelho
- Dono da Livraria Cultura morre aos 83 anos