Em nota conjunta divulgada nesta segunda-feira (18/7), os clubes militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, iniciaram uma campanha contra a abstenção eleitoral no pleito deste anos.
“Em ambiente de forte polarização, a decepção com a política, por razões diversas, conduz naturalmente à acomodação, caminho aberto para altos índices de abstenção, tal como ocorreu em países amigos da Europa e América Latina, acarretando a vitória de candidatos cuja legitimidade, questionável futuramente, pode colocar em risco a governabilidade, prejudicar conquistas econômicas e sociais importantes e conduzir a nação a um destino catastrófico”, diz o texto.
A confirmação pelo TSE de que há 156,4 milhões de eleitores aptos a participar das eleições deste ano revelou também que 36,2 milhões de pessoas podem deixar de votar no próximo dia 2 de outubro, caso abstenção observada em 2020 se repita. Número é tão expressivo que supera os 31,3 milhões de votos recebidos pelo petista Fernando Haddad, ou quase o triplo dos eleitores que votaram em Ciro Gomes no primeiro turno das últimas eleições presidenciais.
Para o consultor legislativo Gilberto Guerzoni, especialista em Direito Eleitoral que assessorou a elaboração da Lei das Eleições (Lei 9.504, de 1997) e de suas revisões, a abstenção verificada em 2020 “de fato chama a atenção”.
Ele alerta para índices recordes em grandes capitais, como Rio de Janeiro (35,4%), Porto Alegre (32,8%) e São Paulo (30,8%). Outras cidades que tiveram alto percentual de eleitores ausentes foram Goiânia (36,7%), Petrópolis (35,6%), Ribeirão Preto (35,6%), Blumenau (31%), Joinville (28%) e Aracaju (27,8%). Na maioria desses municípios, a abstenção, somada aos votos nulos e brancos, supera a votação obtida pelo vencedor do pleito.