Moraes destitui defesas de Filipe Martins e Marcelo Câmara

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destituiu nesta quinta-feira (9) os advogados Filipe Martins Garcia e Marcelo Costa Câmara, acusados de “abuso do direito de defesa” e “manobra procrastinatória” no processo que apura a tentativa de golpe de Estado.


Na decisão, Moraes afirmou que as defesas não apresentaram alegações finais dentro do prazo legal, com a “intenção de atrasar o julgamento”.

“O comportamento das defesas dos réus é absolutamente inusitado, configurando, inclusive, litigância de má-fé, em razão da admissão da intenção de procrastinar o feito, sem qualquer previsão legal”, escreveu o ministro.

Segundo a decisão, foram destituídos os advogados Jeffrey Chiquini da Costa e Ricardo Scheiffer Fernandes, responsáveis pela defesa de Filipe Martins Garcia, apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o autor da chamada “minuta golpista”, documento que teria sido apresentado ao alto comando das Forças Armadas em 7 de dezembro de 2022.

Os defensores de Martins apresentaram uma petição incidental após o fim do prazo das alegações finais, na segunda-feira (6), alegando que as provas apresentadas pela PGR seriam inválidas por terem sido produzidas após a fase de instrução e sem perícia técnica. Eles pediam ampliação de prazo, o que foi interpretado por Moraes como tentativa de “procrastinar o feito, sem qualquer previsão legal”.

Também foram punidos os advogados Jorge Felipe Oliveira da Silva, Diego Godoy Gomes, Luiz Eduardo de Almeida Santos Kuntz e Luiz Christiano Gomes dos Reis Kuntz, que defendem o coronel Marcelo Costa Câmara. O militar é acusado pela PGR de “coordenar ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas” em parceria com o general Mário Fernandes, também réu do chamado núcleo 2 da denúncia.


“A consequência do abuso do direito de defesa, com clara manobra procrastinatória, acarreta a destituição dos advogados constituídos”, destacou Moraes.

Com a decisão, a Defensoria Pública da União (DPU) assumirá a defesa dos réus.

Além de Martins e Costa Câmara, também integram o núcleo 2 da denúncia os seguintes investigados:

  • Mário Fernandes, general da reserva e ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro;
  • Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal;
  • Marília Ferreira de Alencar, delegada da Polícia Federal e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça;
  • Fernando de Sousa Oliveira, delegado da PF e ex-secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.

De acordo com a PGR, o grupo foi responsável pela “gerência” do plano golpista, atuando na coordenação de ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas nos meses que antecederam os ataques de 8 de janeiro de 2023.

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