O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), seja ouvido pela Polícia Federal (PF) para esclarecer declarações feitas em entrevista à Jovem Pan News. Na ocasião, o governador afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, “conversam muito”, mesmo sob proibição judicial.
“Nosso presidente do PL conversa muito com o Bolsonaro, que é nosso presidente de honra. Espero que daqui a pouco eles possam conversar na mesma sala para se ajudarem”, disse Jorginho Mello durante a entrevista.
A determinação de Moraes ocorreu no âmbito da Operação Tempus Veritatis, que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022. A decisão visa esclarecer possíveis violações às medidas cautelares impostas aos investigados, que proíbem Bolsonaro e Valdemar de manterem contato.
Contexto da Restrição
Desde fevereiro de 2024, Bolsonaro e Valdemar estão impedidos de se comunicar, como parte das investigações conduzidas pelo STF. Em dezembro, Moraes autorizou Bolsonaro a comparecer à missa de sétimo dia da mãe de Valdemar, mas reforçou que essa permissão era excepcional e limitada.
“Em face da excepcionalidade do pedido e da afirmação da defesa (‘o peticionário compromete-se expressamente a cumprir de forma rigorosa todas as restrições impostas pelas medidas cautelares em vigor […]’), autorizo Jair Messias Bolsonaro a manter contato com o investigado Valdemar Costa Neto na citada missa do sétimo dia”, registrou o ministro à época, destacando que a decisão não isentava Bolsonaro das demais medidas.
A assessoria do governador Jorginho Mello afirmou que ele não irá se manifestar sobre a decisão de Moraes. Em nota, reforçou que as declarações do governador foram interpretadas fora de contexto e que a referência era ao período em que Bolsonaro e Valdemar trabalharam juntos para fortalecer o Partido Liberal.
“O governador Jorginho Mello reforça, como disse na própria entrevista, que discorda completamente da restrição imposta contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o presidente de honra do PL, Jair Bolsonaro, e reafirma que ambos seguem cumprindo a decisão judicial apesar de ser injusta, segundo o próprio governador”, diz o comunicado.
Valdemar Costa Neto também negou qualquer desrespeito às determinações do STF. Em nota, declarou que “não mantém qualquer contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em respeito absoluto às determinações impostas pelo STF” e atribuiu outras interpretações a “equívocos ou mal-entendidos”.