Moraes ordena manifestação da PGR em inquérito contra Eduardo Bolsonaro

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresente manifestação em até cinco dias no inquérito que envolve o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).


A apuração investiga a atuação do parlamentar nos Estados Unidos. De acordo com a PGR, Eduardo Bolsonaro teria buscado apoio de congressistas do país e membros do governo de Donald Trump para que sanções fossem impostas ao ministro Moraes.

Entre as medidas sugeridas estariam o bloqueio de operações financeiras, a proibição de abertura de contas bancárias e o veto ao uso de cartões de crédito pelo magistrado.

Desdobramentos políticos

Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, as ações de Eduardo teriam como finalidade favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pai do deputado.

Gonet alegou que existem “evidências” de que o parlamentar tenta interferir em investigações criminais em andamento contra Bolsonaro e aliados, incluindo processos no STF relacionados à suposta tentativa de golpe de Estado depois das eleições de 2022.


Na última quarta-feira, 4, o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio declarou que “há grande possibilidade” de Moraes enfrentar sanções dos EUA.

Rubio mencionou que o país pode aplicar legislação que permite punir estrangeiros por violações de direitos humanos. Já o deputado republicano Cory Mills alegou que Moraes utiliza seu cargo para perseguir Jair Bolsonaro, aliado de Trump.

Paulo Gonet apontou ainda que a intenção seria “embaraçar” julgamentos do Supremo e “perturbar” as investigações da Polícia Federal no inquérito das fake news. Para o procurador-geral, a “motivação retaliatória” de Eduardo Bolsonaro coloca não só membros do STF, Polícia Federal e PGR sob ameaça, mas também seus familiares.

Eduardo Bolsonaro diz que Moraes ‘fez chacota’ contra ele

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro, durante uma sessão na Câmara | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em sua defesa, Eduardo Bolsonaro afirmou que mantém posicionamento político desde sua ida aos EUA em março. Ele lembrou que, à época, a PGR arquivou pedido de apreensão de seu passaporte, afirmando que sua conduta era lícita.

O deputado declarou que agora o órgão mudou de entendimento e alegou ser alvo de perseguição política, dizendo que “a Justiça depende do cliente”.

Pelas redes sociais, Eduardo Bolsonaro fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes. “Organizou um jantar e fez chacota de mim”, escreveu o deputado. Em outra publicação, acrescentou: “O establishment fez o que os arrogantes sabem fazer de melhor: me desdenharam e humilharam”.

O parlamentar também afirmou que “sanções contra Moraes estão a caminho” e acusou o procurador-geral da República de agir com motivação política. “Não há conduta nova”, escreveu. “Há um PGR agindo politicamente. Por isso reafirmo: no Brasil, há um Estado de exceção — a ‘justiça’ depende do cliente, o processo depende da capa.”

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