O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teria vencido as eleições de 2022 se ele, e não o general Walter Braga Netto, tivesse sido o vice na chapa. A declaração foi dada em entrevista publicada nesta quinta-feira (25) pela Folha de S.Paulo.
“Quando o Bolsonaro escolheu, não quis mais que eu fosse o vice dele, ele deixou de me chamar para reunião ministerial, eu não participei de mais nada. Eu acho que, se eu tivesse sido o candidato a vice, nós teríamos ganho”, disse Mourão.
O senador também opinou sobre a situação judicial de Bolsonaro e Braga Netto, que atualmente são alvos de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), caso a chapa tivesse saído vitoriosa nas urnas. “Nada, não tinha acontecido nada, estava todo mundo feliz da vida”, afirmou.
Apesar da declaração sobre uma possível reeleição, Mourão não explicou o que o leva a acreditar que sua presença na chapa teria alterado o resultado eleitoral. A relação entre ele e Bolsonaro foi marcada por conflitos durante o mandato, algo que o próprio senador reconheceu ao mencionar uma “guerra fria” entre os dois. Ele lamentou a falta de diálogo com o então presidente para resolver os atritos: “É óbvio que eu teria tido uma conversa com ele mais detalhada a respeito do meu papel, para evitar os choques que ocorreram e que não precisavam ter ocorrido”.
Dos generais que integraram o governo Bolsonaro, Mourão é um dos poucos que não são investigados por envolvimento nas supostas articulações golpistas ao final do mandato. No inquérito que tramita no STF, ele aparece como testemunha de quatro réus: os generais Augusto Heleno, Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e o próprio Bolsonaro. Eles são apontados pela Procuradoria-Geral da República como líderes de uma organização criminosa que teria atuado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).