MPF dá 48 horas para IML detalhar perícias de mais de 100 mortos em megaoperação no Rio

O Ministério Público Federal (MPF) solicitou nesta quarta-feira (29) ao Instituto Médico-Legal (IML) acesso completo a todas as informações das perícias realizadas nos corpos da megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou mais de 100 mortos. O prazo estipulado é de 48 horas.


O pedido, assinado pelo procurador regional dos Direitos do Cidadão Adjunto, Julio José Araujo Junior, detalha oito itens que devem ser fornecidos pelo IML: descrição completa das lesões externas e internas; identificação e extração dos projéteis; exames radiográficos dos polibaleados; croqui das lesões; fotografias das lesões e das características individualizantes; e análise da trajetória dos projéteis e distância dos disparos. Segundo Junior, o prazo urgente se justifica pela gravidade do tema.

Enquanto a Defensoria Pública do Rio registra 132 mortos, o governo estadual confirma 119 óbitos. Segundo as autoridades, o objetivo da operação era desarticular a estrutura do Comando Vermelho (CV), apreendendo armas, principalmente fuzis, da organização criminosa.

Paralelamente, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) enviou técnicos periciais ao IML para realizar uma perícia independente nos corpos, reforçando a investigação sobre o episódio, considerado o mais letal da história do estado.

Operação Contenção

Deflagrada na terça-feira (28), a operação mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares nos complexos da Penha e do Alemão. Segundo o governo, foram cumpridos 100 mandados de prisão e busca, resultando em 113 presos, 10 adolescentes apreendidos e 118 armas recolhidas, incluindo 91 fuzis, além de explosivos, munições e drogas.


A ação encontrou resistência armada intensa, com troca de tiros, barricadas incendiadas em vias expressas e ataques com drones por parte dos criminosos. Pelo menos quatro moradores ficaram feridos.

O governador Cláudio Castro (PL) classificou a operação como um “sucesso” e afirmou que as únicas “vítimas” foram os quatro policiais mortos. O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, reconheceu que “a alta letalidade era previsível, mas não desejada”.

Moradores relataram ter encontrado mais de 70 corpos na área de mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia. Os cadáveres foram levados à Praça São Lucas na Estrada José Rucas, e alguns apresentavam decapitação, tiros na nuca e facadas nas costas. Veículos da Defesa Civil iniciaram o recolhimento dos corpos por volta das 8h45 da manhã.

A ação reforça o debate sobre o uso da força policial em operações de grande escala e a necessidade de perícias detalhadas para esclarecer circunstâncias das mortes.

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