A mãe de uma das adolescentes que moravam com Hytalo Santos, investigado pelo Ministério Público pelos crimes de tráfico de pessoas e exploração sexual infantil, afirmou que não via problema na relação da filha com o influenciador ou nos vídeos que ele postava da menor de idade. As identidades da adolescente e de sua família foram preservadas.
– Vendi minha casa, abandonei meu emprego e fui viver a vida com ela, realizar o sonho dela – disse a mãe ao Domingo Espetacular da TV Record, neste domingo (17).
– Eu nunca vi nada demais – afirmou.
O caso veio à tona após vídeo do youtuber Felca que denuncia que influenciadores como Hytalo exploram crianças e adolescentes para ganhar dinheiro com o uso de suas imagens nas redes sociais. Em diversos vídeos postados pelo influencer, as adolescentes apareciam fazendo danças sensuais.
A defesa de Hytalo afirma que ele e seu marido, também preso na última sexta-feira (15), são inocentes e “sempre se colocaram à disposição das autoridades”. Consideram também que a decisão de prisão é uma medida “extrema”.
Sobre as críticas de que a jovem passa por um processo de “adultização” e exploração sexual, a mãe rebate:
– Não concordo com nada, como é que ela está sendo adultizada se ela teve infância?
Ela e a filha ganharam uma casa do influenciador.
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o influencer pagava às famílias dos adolescentes cerca de três salários mínimos para abrigá-los em sua casa. Os menores, sob a tutela de Hytalo, eram chamados de “cria” pelo influenciador.
O pai da menina, separado da mãe, relatou ao programa se preocupar com a exposição da filha desde 2019, quando denunciou, pela primeira vez, a exploração da imagem da adolescente ao conselho tutelar.
– Nunca quis isso para ela. Eu queria um futuro para ela, que ela estudasse, que ela se formasse, que ela tivesse uma profissão boa, não estar exibindo o corpo para todo mundo ver – afirmou o pai, que também não foi identificado para preservar a menor de idade
– Toda vez que eu ia ao conselho tutelar, Ministério Público, delegacia, eles diziam “é porque a Justiça é lenta” – acrescentou.
A adolescente, porém, acusou, na reportagem, o pai de chegar bêbado em casa e a agredir e a mãe quando eles moravam juntos. Diz ainda que Hytalo falou que ela “não precisava disso” e que “seria seu pai”.
Segundo o MP, o influencer apreendia os celulares das vítimas para garantir que apenas o seu perfil nas redes sociais fizesse postagens, estratégia que concentrava a audiência em suas plataformas.
– Hytalo Santos exercia um controle significativo sobre os celulares de adolescentes e funcionários. Esse controle fazia parte de um padrão mais amplo de gerência sobre a vida pessoal e profissional das pessoas ligadas a ele, especialmente os adolescentes conhecidos como “crias” e sua equipe de segurança e assessoria – informou o órgão.