Netanyahu assina acordo para expandir assentamentos e declara: “Esta terra é nossa”

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, reafirmou que “não haverá Estado palestino” durante a assinatura de um acordo para avançar em um plano de expansão de assentamentos na Cisjordânia. O evento ocorreu em Maale Adumim, o maior assentamento israelense a leste de Jerusalém, e foi transmitido ao vivo pelo gabinete do governante.


“Cumpriremos nossa promessa: não haverá Estado palestino, este lugar nos pertence”, declarou Netanyahu em seu discurso. Ele acrescentou que Israel “preservará sua herança, sua terra e sua segurança” e anunciou a intenção de dobrar a população da cidade, que atualmente é de cerca de 40 mil pessoas e poderá chegar a 70 mil nos próximos cinco anos.

Durante a cerimônia, Netanyahu assinou, junto ao prefeito de Maale Adumim, o acordo-quadro para a construção de milhares de novas moradias na área conhecida como E1. “O que estamos fazendo aqui é cumprir uma visão”, afirmou o primeiro-ministro, acrescentando que “a expansão cumpre uma promessa atual: não haverá Estado palestino”. Netanyahu também fez referência à Bíblia para justificar a continuidade da ocupação: “Esta terra é nossa”.

O chamado projeto E1 prevê a construção de mais de 3.400 unidades habitacionais entre Maale Adumim e Jerusalém Oriental. A expansão já havia sido interrompida em outras ocasiões, em 2012 e 2020, após objeções dos governos dos Estados Unidos e da Europa. De acordo com relatos, o investimento total para a implementação do projeto ultrapassaria US$ 1 bilhão e incluiria novas rodovias e melhorias na infraestrutura principal.

Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e líder da extrema-direita israelense, acompanhou Netanyahu no evento e pediu a aceleração do projeto, reafirmando seu apoio à anexação total da Cisjordânia. Em agosto, Smotrich declarou que a possibilidade de um Estado palestino “está sendo retirada da mesa, não com slogans, mas com ações”.


A aprovação e implementação do projeto E1, criticadas publicamente pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por diversos líderes estrangeiros, implicariam a divisão física da Cisjordânia, separando o centro e o sul do território e comprometendo a continuidade de um futuro Estado palestino. A expansão de Maale Adumim também dificultaria ainda mais a ligação entre Jerusalém Oriental e o restante da Cisjordânia.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou veementemente a decisão israelense. Por sua vez, a Autoridade Palestina classificou a medida como uma nova fase de “anexação progressiva da Cisjordânia”. A decisão coincide com recentes anúncios de vários países sobre a intenção de reconhecer um Estado palestino na Assembleia Geral da ONU.

Nos arredores de Jerusalém Oriental, anexada por Israel após a Guerra de 1967, vivem cerca de três milhões de palestinos e aproximadamente 500 mil israelenses em assentamentos que, segundo a ONU e a Corte Internacional de Justiça, são ilegais pelo direito internacional. O tribunal, com sede em Haia, tem reiteradamente instado Israel a evacuar os colonos, desmantelar os assentamentos e o muro que isola o enclave, além de garantir o direito de retorno aos palestinos deslocados.

A colonização da Cisjordânia tem continuado sob sucessivos governos israelenses desde 1967, tanto de esquerda quanto de direita. No último ano, desde o início da guerra em Gaza após o ataque do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023, a construção e expansão de assentamentos nos territórios ocupados se intensificaram.

A aprovação final do projeto E1 ocorre apenas dois dias depois de um ataque israelense contra líderes do Hamas no Catar, que recebeu condenação internacional e ameaça isolar ainda mais Israel de seus aliados ocidentais, alguns dos quais manifestaram preocupação com a escalada do conflito e suas consequências para a viabilidade da solução de dois Estados.

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