Ao tomar posse nesta quarta-feira (19) no cargo de presidente da Petrobras, Magda Chambriard disse que a sua gestão “está totalmente alinhada com a visão” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A nova gestora da companhia foi nomeada no lugar de Jean Paul Prates, que entrou em atrito com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
– Nossa gestão está totalmente alinhada com a visão do nosso presidente Lula e do governo federal. Afinal, eles são os nossos acionistas majoritários – disse ela.
Chambriard afirmou ainda que Lula pediu a ela para “movimentar” a Petrobras, porque a empresa “impulsiona o PIB”. Magda declarou que, quando foi convidada para assumir o cargo, o petista disse que “não queria confusão na empresa”.
– Aproveito a oportunidade para contar a encomenda que me foi dada pelo presidente. A missão dada pelo presidente foi a de movimentar a Petrobras, porque ela impulsiona o PIB do país. Ele me pediu para gerir a Petrobras com respeito à sociedade brasileira – disse.
A avaliação no mercado é de que a escolha de Magda pode abrir caminho para interferência mais direta do Planalto em temas como fixação de preços de combustíveis ou participação da Petrobras em projetos caros ao governo, como a recuperação do setor de estaleiros no país – prioridade que não deu resultados em governos passados do PT.
Chambriard já defendeu bandeiras que provocaram controvérsia no passado, como a exigência de conteúdo local na indústria do petróleo, quando chefiou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma Rousseff.
Na posse, ela disse que a sensação é de “volta para casa”, uma vez que atuou por mais de 20 anos na empresa. Em seguida, ela listou o que planeja fazer e prometeu ser fiel ao Plano Estratégico 2024-2028.
– O que vamos fazer está registrado no Plano Estratégico, e tem potencial para gerar centenas de milhares de empregos diretos e indiretos, além de recursos em tributos e participações especiais à União Federal – disse.
Em linhas gerais, ela prometeu ajudar em uma “transição energética justa”, com investimento em eólica, geração fotovoltaica e hidrogênio, mas com o gás como combustível da transição. Ela citou ainda um programa de construção naval, na linha do que o Planalto vinha pressionando nos últimos meses da gestão de Prates.
TOM POLÍTICO
Lula deu um tom ainda mais político à cerimônia de posse de Magda. Ele afirmou que a estatal sofreu “ataques” de grupos econômicos e avaliou que empresa tem resistido mesmo “com tentativas de desmonte do patrimônio”.
– A Petrobras sofreu ataques da elite política e econômica do país, sem compromisso de melhoria de vida do povo – disse o petista.
Para Lula, a estatal, na nova gestão, não tem “medo de desafios”, em referência ao plano estratégico de investimentos da empresa. O plano referente ao período de 2024 a 2028 tem previsão de investimentos na casa de 102 bilhões de dólares (R$ 553,2 bilhões, na cotação atual).
Lula afirmou ainda que Operação Lava Jato tinha como objetivo a privatização a Petrobras.
– A Operação Lava Jato mirava, na verdade, o desmonte e a privatização da Petrobras. Se o objetivo fosse de fato combater a corrupção, deixaria intacto o patrimônio do povo – alegou.
A Lava Jato, que investigou desvios na Petrobras, completou 10 anos em março. A operação conseguiu recuperar R$ 2 bilhões para os cofres públicos por meio de acordos de delação premiada e de leniência homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).