O rapper Mauro Davi Nepomuceno dos Santos, conhecido como Oruam, se entregou à Polícia Civil do Rio de Janeiro no fim da tarde desta terça-feira (22), pouco antes das 18h. Ele se apresentou na Cidade da Polícia acompanhado da mãe e da namorada, horas depois de a Justiça ter decretado sua prisão preventiva.
“Só pedir desculpa mesmo. Dizer que eu amo muito meus fãs. Eu vou dar volta por cima, tropa. Tô com Deus e tá tranquilão. Sou forte!”, declarou o artista na chegada, tentando manter a calma diante do cerco judicial.
Pouco antes da rendição, Oruam havia publicado um vídeo em que dizia que se entregaria. Minutos depois, sua conta nas redes sociais saiu do ar. Segundo a polícia, ele chegou a buscar refúgio no Complexo da Penha. Em um vídeo anterior, desafiou os agentes: “Quero ver você vir aqui, me pegar dentro do Complexo. Não vai me pegar, sabe por causa de quê? Vocês peida!”
O mandado de prisão foi expedido após uma confusão na mansão do rapper, no Joá, na zona oeste do Rio, na noite de segunda-feira (21). Durante uma operação para apreender um adolescente conhecido como “Menor Piu”, Oruam e amigos teriam atacado policiais civis, jogando pedras e impedindo a captura do jovem, que conseguiu fugir. Um agente ficou ferido. O menor também se entregou nesta terça.
Segundo o Ministério Público do Rio (MPRJ), a residência do rapper se tornou um “refúgio de criminosos foragidos”, e ele faz “ostentação pública de sua filiação à facção” Comando Vermelho. O parecer foi acolhido pela juíza Ane Cristine Scheele Santos, que determinou a prisão preventiva do artista.
“A vinculação orgânica do representado com a organização criminosa Comando Vermelho […] demonstra que sua liberdade representa risco concreto e atual à segurança da coletividade”, afirmou o MPRJ.
Na decisão, a magistrada apontou que há provas materiais de que Oruam cometeu crime ao impedir, junto de outros, a apreensão de um menor envolvido com o tráfico. A juíza destacou ainda o risco à ordem pública, à instrução criminal e à segurança dos agentes públicos.
O rapper foi indiciado por desacato, resistência, ameaça, dano, lesão corporal, tráfico de drogas e associação para o tráfico.
Pela manhã, o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, foi enfático ao comentar o caso: “Se alguém tinha alguma dúvida de que o Oruam é um artista periférico ou um marginal, hoje nós temos a certeza de que se trata de um bandido da pior espécie, associado à facção criminosa Comando Vermelho, da qual o pai dele [Marcinho VP] é o chefe e controla à distância, de fora do estado, mesmo estando acautelado em presídio federal”.
Essa não é a primeira vez que foragidos são encontrados na casa do cantor. Em fevereiro deste ano, um traficante conhecido como “Batata” foi preso em sua mansão, com uma pistola de uso restrito, munições e numeração raspada.