Parlamento de Madagascar vota pela destituição do presidente

A Assembleia Nacional – Câmara Baixa do Parlamento – de Madagascar aprovou nesta terça-feira (14) a destituição do presidente Andry Rajoelina, que fugiu após a grave crise gerada por protestos populares que abalam o país, apoiados por uma poderosa unidade militar insurgente.

Na votação, na qual participaram 131 de um total de 163 deputados, 130 aprovaram a destituição, informou o vice-presidente da Assembleia Nacional, Siteny Randrianasoloniaiko, apesar do mandatário ter emitido nesta manhã um decreto para dissolver a Câmara Baixa. Randrianasoloniaiko considera que o decreto emitido por Rajoelina não tem validade pela falta de selo oficial e da assinatura do presidente.


Em sua conta na rede social X, Rajoelina, de 51 anos, disse que a emissão do decreto sobre o Parlamento era “necessária para restabelecer a ordem em nossa nação e fortalecer a democracia”. A Presidência de Madagascar afirmou no último domingo (12) que estaria sofrendo uma tentativa de golpe de Estado, depois que grupos de soldados se uniram no sábado a milhares de manifestantes antigovernamentais.

Uma unidade militar insurgente, o Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército de Terra (CAPSAT), assegurou ter tomado o controle das Forças Armadas. No último sábado (11), depois que esta unidade pediu para “desobedecer” qualquer ordem de atirar contra a população, grupos de militares em veículos blindados se somaram a milhares de manifestantes em um novo dia de protestos em massa.

O CAPSAT, com sede em Soanierana, nos arredores da capital Antananarivo, já participou em 2009 da derrubada do então presidente Marc Ravalomanana e permitiu que Rajoelina chegasse ao poder pela primeira vez.

Embora tenham surgido inicialmente para protestar contra os recorrentes cortes de água e eletricidade, as mobilizações, impulsionadas por jovens, tornaram-se antigovernamentais e exigiam agora a renúncia de Rajoelina, cuja proposta de diálogo nacional foi rejeitada pelos organizadores.

Inspirados em mobilizações juvenis recentes em países como Quênia e Nepal, estes são os piores protestos que a ilha do Oceano Índico enfrenta em anos e o maior desafio para o chefe de Estado desde sua reeleição em 2023

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