O Instituto de Criminalística da Polícia Científica de São Paulo confirmou nesta terça-feira (7) que o metanol encontrado em garrafas de bebidas alcoólicas apreendidas durante fiscalizações recentes foi adicionado deliberadamente, não sendo resultado da destilação natural. A constatação reforça a suspeita de adulteração dos produtos e levanta alerta sobre riscos à saúde da população.
Segundo o instituto, a análise realizada em dois grupos de garrafas destiladas, recolhidas em fiscalizações na capital paulista, apontou que as concentrações de metanol estavam acima do permitido pela legislação, indicando que a substância foi inserida de forma externa. Ainda não há informações sobre se a adição foi acidental ou proposital.
“Até o momento, dois grupos de produtos periciados apresentaram resultado positivo para metanol, em volume acima do permitido pela legislação. Os laudos foram encaminhados à Polícia Civil para subsidiar as investigações e o esclarecimento dos fatos”, afirmou o Instituto de Criminalística em nota.
A força-tarefa criada na última sexta-feira (3) pelo órgão tem trabalhado 24 horas na análise das amostras, incluindo constatação da presença de metanol, verificação de rótulos e lacres, além de processamentos laboratoriais para separar os componentes das bebidas. Desde o início das fiscalizações, em 29 de setembro, 16 mil garrafas foram apreendidas.
O Ministério da Saúde confirmou, até o momento, 17 casos de intoxicação por metanol no país, sendo 15 em São Paulo e dois no Paraná. Outros 200 casos suspeitos estão em investigação, com a maior concentração de suspeitas também em São Paulo (164 registros). Os estados de Acre, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia e Rio Grande do Sul também registram casos suspeitos.
Duas mortes por intoxicação confirmadas ocorreram em São Paulo, e outras 12 estão sob investigação em São Paulo, Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Paraíba e Ceará. Uma das hipóteses levantadas pela polícia é que o metanol tenha sido usado para lavar embalagens de bebidas falsificadas ou para aumentar o volume das bebidas.
O alerta das autoridades reforça a importância de os consumidores evitarem a compra de bebidas de procedência duvidosa e ficarem atentos a sinais de adulteração. O caso segue sob investigação, e novos laudos devem trazer informações detalhadas sobre as concentrações e tipos de bebidas adulteradas