Peru vai investigar ex-presidente por crimes contra a humanidade

Ministério Público do Peru instaurou um inquérito para investigar o ex-presidente Ollanta Humala — marido de Nadine Heredia, asilada no Brasil pelo presidente Lula depois de ter sido condenada por corrupção — por crimes contra a humanidade.


Ex-oficial do Exército, Humala é acusado de liderar execuções extrajudiciais e desaparecimentos forçados em 1992. A investigação preliminar foi aberta pela Primeira Procuradoria Supraprovincial Especializada em Direitos Humanos e Contraterrorismo, conforme comunicado divulgado nesta terça-feira, 11.

Além de Humala, outros quatro ex-militares também são alvos do inquérito: Tobias Huaringa, Nicanor Guerra, Amílcar Gómez e Russel Vela, todos identificados por pseudônimos. Na época, Humala, conhecido como “Capitão Carlos”, comandou o Batalhão Antissubversivo 313, instalado em Madre Mía.

As acusações contra Humala, ex-presidente do Peru

Segundo a procuradora provincial Marita Barreto Rivera, o grupo teria organizado patrulhas nas proximidades do distrito de Santa Rosa de Alto Yanajanca, na província de Marañón, região de Huánuco. A investigação foi classificada como complexa devido ao contexto e à gravidade das acusações.

Entre os crimes investigados está o assassinato de Edgardo Isla, ocorrido em 25 de junho de 1992 no povoado de Yanajanca, e a morte de Nemer Acuña, também naquele mês. Os restos mortais das vítimas já foram localizados e reconhecidos durante o processo.


O inquérito também examina os desaparecimentos de Luis Izaguirre, em 25 de junho de 1992, em Yanajanca; Nelson Hoyos, em 5 de junho, e Hermes Estela, em 6 de junho, ambos em La Morada; além de Yander Leandro, em 23 de setembro de 1992, em Alto Pucayacu.Ollanta Humala, ex-presidente do Peru, e Lula, em evento em junho de 2013 | Foto: Flickr

Essas ações são tratadas como crimes contra a humanidade. O tribunal determinou oitivas do acusado e dos familiares das vítimas, além de solicitar informações ao Ministério da Defesa e realizar outros procedimentos. O prazo da investigação foi ampliado até maio de 2026.

O Ministério Público, por meio do Subsistema Especializado em Direitos Humanos e Interculturalidade, reforçou o compromisso “com o esclarecimento dos fatos relacionados a crimes que ameaçam a vida e violam as normas internacionais”, afirmou a instituição.

Advogado de Humala nega crime e acusa MP de perseguição

Edison Huamán, advogado do ex-presidente, negou a participação de Humala em qual crime e afirmou que a procuradoria tenta “condenar ilegal e abusivamente a família de Humala Heredia com base em fatos e provas falsas”.

Em entrevista ao Canal N, o advogado disse que existe uma “perseguição” por parte do Ministério Público contra seu cliente. “Este é um caso que teve origem em 2017 e é um exemplo claro de que existe uma perseguição contra o ex-presidente Ollanta Humala. Em 1991, o meu cliente nunca esteve naquele local [base militar de Madre Mía]”, declarou.

Operação Lava Jato

Durante a entrevista, Huamán também abordou o caso de lavagem de dinheiro que já resultou na condenação de Humala e Nadine. Ele afirmou que a sentença foi baseada em “provas fabricadas”, como documentos relacionados às operações estruturadas da Odebrecht que supostamente continham informações contraditórias.

Ele também disse que essas provas foram obtidas sem cooperação formal e foram consideradas inadmissíveis pelo STF do Brasil, referindo-se a uma recente decisão de Dias Toffoli.

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