O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, defendeu a legalização da cocaína em um evento em Manaus, na terça-feira (9), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Petro, a medida evitaria a destruição da floresta amazônica e permitiria que a América Latina discutisse o tema sem “constrangimento, sem vergonha”.
“Se a cocaína fosse legalizada no mundo, não haveria essa destruição da selva amazônica. Esse é um tema de discussão. A América Latina também deveria discutir sem temor, sem constrangimento, sem vergonha de discutir, porque é como se nós fôssemos criminosos e estamos agachando a cabeça para uma política feita em Nova York, uma política fracassada”, disse.
Petro afirmou que a política de combate às drogas fracassou e que a legalização da maconha e a criminalização de seus usuários foram uma “estupidez latino-americana”. Ele argumentou que, hoje, a cocaína “está enriquecendo as máfias” e que o fentanil se tornou a droga de escolha nos EUA, causando milhares de mortes.
Durante o evento, Petro também criticou a ameaça de ação militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. A declaração ocorreu em meio à escalada de tensão entre os dois países, com a presença de navios militares americanos no Caribe.
“Caiu um míssil sobre um barco civil venezuelano. Houve mortos, pessoas civis sem armas. Estavam levando cocaína? Não sabemos. Foram alvejados, isso é um assassinato. A América Latina é a dona do Caribe e vai ter que suportar isso e ficar calada?”, questionou.
Petro alertou sobre o risco de o conflito se expandir para a região: “Podem cair bombas em Manaus, Rio de Janeiro, Bogotá e outras cidades. Vamos ficar calados e ver essas bombas matando nossas crianças, ou vamos parar e nos unir?”.
A tensão aumentou na semana passada, quando o presidente americano Donald Trump afirmou que militares dos EUA “atiraram” contra um barco venezuelano, matando “11 terroristas”. A versão foi confirmada pelo secretário de Estado Marco Rubio, que reforçou o uso de “todo o seu poder” para “erradicar” os cartéis. Na mesma semana, Washington ordenou o envio de dez caças F-35 para uma base em Porto Rico.