PF diz que ‘kids pretos’ desistiram de matar Moraes no dia previsto porque cúpula do Exército não aderiu ao plano

O relatório final da Polícia Federal (PF) revelou que o plano de assassinato do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, previsto para 15 de dezembro de 2022, foi abandonado após a cúpula do Exército rejeitar adesão a uma tentativa de golpe de Estado.

“Apesar de todas as pressões realizadas, o general Freire Gomes e a maioria do alto comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República Jair Bolsonaro, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou. Com isso, a ação clandestina para prender/executar ministro Alexandre de Moraes foi abortada”, diz o relatório da PF.

A recusa de adesão ao plano teria ocorrido em 15 de dezembro, quando um grupo de 6 pessoas acompanhava os movimentos de Alexandre de Moraes, em Brasília, com o objetivo de executar a ação.

Na mesma data, Bolsonaro recebeu no Palácio do Planalto o comandante do Exército, Freire Gomes. Ainda naquele dia, Mario Fernandes, então secretário-executivo da Secretaria-Geral, enviou um áudio ao general Ramos, chefe da pasta, demonstrando otimismo quanto à adesão das Forças Armadas.

“Kid preto, algumas fontes sinalizaram que o comandante da Força sinalizaria hoje, foi ao Alvorada para sinalizar ao presidente que ele podia dar ordem”, disse Fernandes, de acordo com a PF.

Freire Gomes, no entanto, frustrou os planos do grupo e não aderiu aos planos golpistas, segundo relatório da Polícia Federal.

Naquele mesmo dia, a Polícia Federal registrou os passos do grupo de seis pessoas que tinham como objetivo matar ou prender Moraes Esse grupo, de acordo com a PF, fez uso de carros de aplicativos e celulares descartáveis, com a intenção de esconder evidências, e acabou abortando a missão.

Segundo a PF, os integrantes do grupo também usaram codinomes com nomes de países, como “Brasil”, “Alemanha” e “Japão”, na tentativa de preservar seus nomes.

“Os elementos de prova apresentados demonstram que a ação clandestina realizada pelos investigados tinha como alvo o ministro Alexandre de Moraes, sendo a equipe de seis pessoas, conforme previsto no planejamento “Punhal Verde Amarelo”, dividida em pontos estratégicos próximos ao Supremo Tribunal Federal, a residência funcional do ministro”.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o relatório da Polícia Federal referente ao inquérito que investiga a tentativa de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O documento, que contém mais de 800 páginas, inclui o indiciamento de 37 pessoas, entre elas o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Com o envio, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, deverá analisar o material e decidir se apresentará denúncia contra os envolvidos, arquivará o caso ou solicitará a realização de novas diligências. Moraes, que é o relator da investigação no STF, tomou a decisão após revisar o relatório.


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