Relatório entregue ao STF aponta que ministros da Corte, políticos e jornalistas teriam sido monitorados durante o governo Bolsonaro. Filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, e o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, estão entre os indiciados.
Brasília, 17 de junho de 2025 – A Polícia Federal (PF) divulgou nesta terça-feira (17) detalhes de sua investigação sobre o suposto esquema de espionagem operado por uma “Abin Paralela”, que teria funcionado dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro. O relatório, entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), indica que diversas autoridades e figuras públicas teriam sido monitoradas.
Entre os nomes que teriam sido alvos do suposto esquema, o relatório menciona os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL). As investigações também apontam para o monitoramento de jornalistas.
Como resultado da apuração, a PF indiciou mais de 30 pessoas. Entre os nomes citados estão o filho do ex-presidente e vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ); o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), que dirigia a Abin na época; e o atual diretor-geral do órgão, Luiz Fernando Correa, indicado pelo presidente Lula.
Suposto Alcance da Espionagem
O relatório da PF, que conta com mais de 800 páginas, detalha o suposto monitoramento de indivíduos considerados inimigos políticos de Bolsonaro, incluindo ministros, políticos e jornalistas. A investigação também aborda a alegada espionagem contra servidores da Receita Federal que atuaram para investigar o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em um suposto esquema de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
No âmbito do STF, além de Moraes e Mendes, os ministros Dias Tooffoli, Luiz Fux e Luís Roberto Barroso — atual presidente da Corte — também teriam figurado na lista de monitoramentos.
No Poder Legislativo, a Polícia Federal identificou indícios de que o suposto grupo espionava, além de Arthur Lira, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, bem como outros parlamentares de ambas as Casas.
A apuração indica ainda que informações de servidores do Ibama e autoridades da Receita Federal teriam sido “avaliadas” pelo grupo, assim como dados do ex-governador de São Paulo João Doria.
O indiciamento é resultado da Operação Última Milha, que apura a atuação de uma suposta organização criminosa responsável por monitoramentos ilegais de desafetos do ex-presidente Bolsonaro e pela produção de notícias falsas a partir dos sistemas da Abin.
PF revela lista de monitorados pela “Abin Paralela”
