PGR pede investigação de ex-ministro Gilson Machado; entenda

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se manifestou favoravelmente ao pedido da Polícia Federal para investigar o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, por suspeita de tentar intermediar a emissão de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid. A solicitação foi encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelo inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

De acordo com a Polícia Federal, Machado teria atuado junto ao Consulado de Portugal em Recife no mês passado com o objetivo de obter o documento para Cid, que atualmente é réu e delator no caso. A suspeita é de que o militar poderia utilizar o passaporte para deixar o país, a exemplo do que fez a deputada federal afastada Carla Zambelli (PL-SP), condenada a mais de dez anos de prisão por envolvimento em invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Em nota enviada à imprensa, Gilson Machado negou qualquer tentativa de favorecimento a Cid. “Nego veementemente ter ido a qualquer consulado, inclusive o Português no Recife. Mantive apenas um contato telefônico em maio com o Consulado Português para agendar a renovação do passaporte do meu pai, Carlos Eduardo Machado Guimarães”, declarou o ex-ministro.

Apesar da negativa, Gonet destacou no pedido ao STF que, segundo a Polícia Federal, há indícios de que Machado tenha tentado viabilizar a saída de Mauro Cid do território nacional e que, embora não tenha obtido êxito, ele poderia estar buscando outras alternativas junto a embaixadas ou consulados. O procurador-geral defende a continuidade das investigações para aprofundar a apuração sobre possíveis ações ilícitas nesse sentido.


O pedido da PF menciona ainda que Mauro Cid poderia ter solicitado o passaporte português com base no vínculo de sua mãe, Agnes Barbosa Cid, que possui cidadania portuguesa. O objetivo seria evitar a aplicação da lei penal, especialmente com a fase de instrução processual se aproximando do fim.

Na última segunda-feira (9), Mauro Cid prestou depoimento à Primeira Turma do STF, no âmbito do julgamento dos réus do chamado “núcleo 1”, grupo que, segundo os investigadores, teria sido liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No interrogatório, Cid reafirmou os relatos anteriores e deu detalhes sobre a participação de Bolsonaro na elaboração de um plano para anular as eleições de 2022. Ele afirmou que o ex-presidente revisou um documento que previa a prisão de autoridades e a convocação de novas eleições, mas que o texto, embora editado por Bolsonaro, nunca foi assinado.


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *