A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A parlamentar deixou o Brasil no fim de maio e afirmou nesta terça-feira (3) que está atualmente nos Estados Unidos, com planos de seguir para a Europa, especificamente para a Itália, país onde diz ter cidadania. Zambelli declarou que irá se submeter a um tratamento médico e que pretende se licenciar do mandato.
O pedido da PGR ocorre cerca de 20 dias após a deputada ter sido condenada por unanimidade pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão em regime inicial fechado, por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A condenação também incluiu multa de R$ 2 milhões e a perda do mandato parlamentar, além de torná-la inelegível por oito anos. A cassação, no entanto, ainda depende de avaliação da Câmara dos Deputados, após o fim dos recursos.
Segundo o STF, Zambelli teria atuado ao lado do hacker Walter Delgatti Neto, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão pelo mesmo caso. A Corte considerou que as ações representaram uma grave ameaça à segurança institucional.
Apesar de ter tido o passaporte apreendido durante as investigações em 2023, o documento foi posteriormente devolvido, e ela não tinha restrições legais para sair do país. No último dia 25, ela cruzou a fronteira com a Argentina e embarcou em Buenos Aires com destino aos Estados Unidos.
Nesta terça, a deputada declarou que sua saída do Brasil tem também um caráter político. “Agora, mais do que nunca, vou poder denunciar os desmandos que a gente observa nesse país e que eu tenho ficado calada diante de uma pressão judicial que tenho sofrido. Me cansei de ficar calada, de não atender o meu público”, afirmou.
Ela ainda disse que pretende levar essas denúncias a cortes internacionais na Europa. “Vou denunciar a todas as Cortes, a todos os países europeus — Portugal, Espanha, Itália, França — essa ditadura, falta de liberdade e censura que o Brasil está vivendo.”
Em sua defesa, Zambelli nega as acusações e afirma ser vítima de perseguição: “Sou vítima de uma perseguição política que atenta não apenas contra minha honra pessoal, mas também contra os princípios mais elementares do Estado de Direito”.
PGR pede prisão preventiva de Carla Zambelli
