Durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (20), a subprocuradora-Geral da República, Cláudia Sampaio Marques, reforçou o pedido para que os 12 investigados por integrar o chamado “núcleo 3” da suposta tentativa de golpe de Estado se tornem réus e respondam a uma ação penal. Representando o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Cláudia afirmou que há provas suficientes para o prosseguimento do processo.
“Especificamente em relação ao núcleo 3, a denúncia descreve-se com base nos elementos colhidos na investigação — que seus integrantes, em sua quase totalidade militares, apoiaram e agiram efetivamente para viabilizar o golpe de Estado. Todos os que integravam a organização criminosa, desde o núcleo 1 até o núcleo 4, sabiam que não houve fraude eleitoral”, afirmou.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o plano começou a ser articulado em novembro de 2022, durante uma reunião na casa do general Braga Netto. A partir daquele momento, os acusados teriam iniciado os preparativos, como a compra de celulares e a definição de alvos.
“A denúncia descreveu, em todos os detalhes, todo o desenrolar de fatos, que tiveram início em meados de novembro — com a reunião na residência do General Braga Netto — para o planejamento das ações de neutralização de autoridades”, acrescentou Cláudia.
Durante as investigações, documentos encontrados com os acusados detalhavam as etapas do plano golpista e instruções sobre como agir após a tomada do poder, tanto no cenário interno quanto no externo. Os 12 acusados — sendo 11 militares e 1 policial federal — são apontados como responsáveis pelas ações táticas que incluíam pressão sobre o alto comando das Forças Armadas.
“Coube a esse núcleo a execução das ações coercitivas. Assim como o núcleo 4 da organização, tratava-se de um núcleo operacional. O núcleo 4 ficou responsável pelos ataques virtuais, a cargo do projeto do grupo, enquanto este ficou incumbido das ações de campo, que envolviam o uso de violência”, explicou a subprocuradora.
Este é o último grupo de investigados no inquérito que apura a tentativa frustrada de golpe de Estado no final de 2022. Entre os crimes atribuídos aos acusados pela PGR estão tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.