Deputados da oposição anunciaram nesta terça-feira (23), em coletiva de imprensa, que vão recorrer da decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que barrou a indicação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a liderança da Minoria. O ato foi publicado no Diário Oficial, sob o argumento de que Eduardo está fora do Brasil.
O líder do Partido Liberal na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Motta tinha ciência da escolha desde o início.
– Quando encontramos a brecha na resolução de 2015, a primeira coisa que eu fiz foi comunicar ao presidente Hugo Motta. Então, em todo momento, ele já sabia. Antes mesmo da imprensa ser informada, ele já tinha ciência – afirmou.
Sóstenes também rebateu a versão de que Eduardo não teria avisado sobre sua ausência do país.
– Existem oito comunicados oficiais do deputado Eduardo Bolsonaro à presidência da Casa. O primeiro com data de 27 de fevereiro de 2025 e o último de 18 de setembro de 2025. Portanto, é um equívoco dizer que ele não comunicou – declarou.
O deputado levantou suspeitas sobre o momento em que a decisão foi tomada, um dia após a aplicação da lei Magnitsky contra a esposa do ministro Alexandre de Moraes.
– Ontem, depois dessa sanção, eu recebi a ligação do presidente Hugo Motta dizendo que não poderia mais cumprir o compromisso. Eu entendi como uma retaliação ou pressão externa. Estranho muito a mudança de postura dele depois disso – disse.
A deputada Caroline de Toni (PL-SC) reforçou que a decisão enfraquece a autonomia das bancadas.
– O presidente da Câmara não pode fazer nenhum juízo de valor sobre a escolha, isso é prerrogativa partidária. Consideramos mais uma tentativa de perseguição e censura à oposição – declarou.
Já o deputado Zucco (PL-RS) lembrou que parlamentares da esquerda também já atuaram politicamente no exterior.
– Não é certo colocar Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética por estar se posicionando nos Estados Unidos. A oposição vai reagir contra qualquer ação politiqueira – afirmou.
O recurso apresentado será analisado pela Mesa Diretora. Para os oposicionistas, o ato de Motta só terá legitimidade se for confirmado pelo colegiado.
– Se a Mesa quiser mudar o entendimento da resolução de 2015, que faça de forma transparente e não de maneira casuística – concluiu Sóstenes.