Um novo laudo aponta que uma mulher, presa há cinco meses acusada de matar dois irmãos de 7 e 8 anos em Parnaíba, no Piauí, pode ser inocente. O resultado da perícia nos cajus que teriam sido comidos pelos meninos foi liberado, na última quinta-feira (9), e apontou que não havia presença de veneno nas frutas.
O laudo foi obtido pelo Fantástico, de quem são as informações. O resultado surgiu um dia após Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças, ter sido preso como principal suspeito de envenenar um baião de dois comido por ele e toda a família em um almoço realizado no dia 1º de janeiro.
Por causa do novo laudo, a investigação foi reaberta e as suspeitas do crime anterior recaem sobre Francisco.
O Ministério Público pediu a revogação da prisão de Lucélia Maria Gonçalves, que sempre negou o crime e chegou a ter a casa incendiada. Ela era vizinha da família.
ENTENDA
Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso, na última quarta-feira (8), por suspeita de ser o responsável pelo envenenamento que matou quatro pessoas de sua família em Parnaíba, no Piauí. Francisco é padrasto de Manoel Leandro e Francisca da Silva, duas das pessoas que morreram após comerem um baião de dois envenenado.
Francisco também tinha sido hospitalizado no dia 1° de janeiro deste ano, mas recebeu alta. No total, nove pessoas de uma mesma família comeram o baião de dois que estava envenenado com terbufós, uma substância tóxica semelhante ao “chumbinho” e utilizada como inseticida.
Além de Francisca, que tinha 32 anos; e do irmão dela, Manoel, que tinha 18, também morreram por envenenamento dois filhos de Francisca: o menino Igno Davi, de 1 ano e 8 meses; e a menina Lauane da Silva, de 3 anos. Uma criança de 4 anos, também filha de Francisca, segue internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Em agosto de 2024, a família já tinha sido vítima de outro envenenamento, quando dois filhos de Francisca, de 7 e 8 anos de idade, morreram após comerem cajus envenenados. Segundo a polícia, porém, os dois casos não estão relacionados. No caso de agosto, foi uma vizinha quem deu os cajus para as crianças. Ela foi presa e responde por duplo homicídio.
Coincidentemente, no entanto, a substância usada para envenenar os cajus e o arroz foi a mesma: o terbufós. Considerado um produto químico altamente tóxico, ele é usado em pesticidas e na composição do chumbinho. A venda dele é proibida no Brasil.
Ao ser consumido por humanos, o terbufós ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre os músculos. Ele causa tremores, crises convulsivas, falta de ar e cólicas. Os efeitos aparecem pouco tempo depois da exposição ao veneno, podendo deixar sequelas neurológicas e causar a morte.