O presidente do Equador, Daniel Noboa, disse, nesta quinta-feira (23), que teria sido vítima de uma tentativa de envenenamento após receber presentes que continham substâncias químicas tóxicas prejudiciais à saúde, durante um encontro com agricultores no último dia 17 de outubro na província costeira de Los Ríos.
– Havia três produtos químicos diferentes com uma altíssima concentração e era praticamente impossível que esses três produtos químicos estivessem juntos nesses níveis em um produto específico. É impossível que tenha sido acidental, é impossível que tenha sido a embalagem – disse o presidente em entrevista à rede CNN.
Os produtos, uma geleia de tamarindo, outra de chocolate e uma mistela de cacau, foram entregues à equipe do presidente por uma empreendedora e, após a realização de testes de rotina, foi determinado que continham “substâncias químicas perigosas”, pelo que, segundo disse Noboa nesta quinta, a Casa Militar Presidencial já apresentou uma denúncia ao Ministério Público.
O alerta partiu justamente da Casa Militar, cujo chefe enviou um relatório na última terça (21) à secretária da Administração Pública, Cynthia Gellibert, no qual explicou que a equipe de protocolo presidencial recebeu alguns presentes de uma empreendedora artesanal que eram dirigidos a Noboa e que estavam dentro de uma cesta.
Imediatamente, segundo o relatório divulgado em canais oficiais, foi feita uma verificação física da cesta e, posteriormente, começou-se a revisar os oito produtos que ela continha. Como resultado, foi informado que a equipe de segurança detectou que três dos oito artigos apresentavam “substâncias químicas altamente perigosas”, aponta o documento.
TIONILA, CLOROETANOL E ANTRACENO
Após uma análise de laboratório, foi determinado que os produtos continham cloreto de tionila, cloroetanol e antraceno, “os mesmos que são considerados nocivos e prejudiciais à saúde”, menciona o relatório da Casa Militar.
Os militares entraram em contato com o pessoal da inteligência para localizar a pessoa ou pessoas que teriam entregado o presente. O relatório destaca também que os produtos entregues não possuíam “o registro sanitário correspondente para o consumo humano devido ao conteúdo de ingredientes potencialmente perigosos”.
O presidente Noboa insistiu, nesta quinta, que é “impossível” que a presença desses produtos químicos nos presentes “não tenha sido intencional”.
– Talvez um dos três pudesse ter sido encontrado na embalagem pelas próprias atividades produtivas da região, mas que os três estejam presentes e em alta concentração, é impossível que não tenha sido intencional – afirmou.
O mandatário acrescentou que, com a denúncia, foram apresentadas várias provas, entre elas o nível de “concentração dos três produtos químicos” e que agora deverá ser realizada uma perícia e “todo um processo legal” para determinar responsabilidades.
EMPREENDEDORA “TRISTE E PREOCUPADA”
Yolanda Peñafiel, a mulher que entregou os presentes para Noboa, declarou ao site La Contrar que está “triste e preocupada ao mesmo tempo” com o que foi afirmado pelo presidente.
– Meu coração não é para fazer mal a ninguém. Fiz com muito boa vontade de enviar uns produtos ao presidente, uns chocolates. Saí com os produtos da minha casa, foi feita a entrega aos militares que fizeram a revisão e já não sei o que pôde acontecer daí em diante – sustentou Peñafiel.
Há duas semanas, o próprio Noboa denunciou uma suposta “tentativa de assassinato” quando o carro presidencial foi apedrejado por um grupo de manifestantes no momento em que a caravana onde viajava o chefe de Estado passou por um dos bloqueios que a população realizava em protesto contra as políticas econômicas de seu governo.
Na entrevista, Noboa assinalou que os manifestantes também lançaram artefatos pirotécnicos e coquetéis molotov contra a caravana, embora costume viajar em um carro blindado à prova de balas de grosso calibre.