Considerado uma importante liderança do Primeiro Comando da Capital (PCC) nas conexões com a Europa, Paulo Afonso Pereira Alves, conhecido no mundo do crime como BH ou Hugo, tenta sair da cadeia, onde está há pouco mais de três anos, por meio de reiterados pedidos de sua defesa. Até o início deste ano, todos foram indeferidos pela Justiça.
O criminoso foi preso em 7 de dezembro de 2021, no âmbito da Operação Solis, do Grupo de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP). A operação foi deflagrada para aprofundar investigações sobre o tráfico de drogas e lavagem de dinheiro do PCC.
BH e quatro parceiros de facção foram presos em Vila Velha, no Espírito Santo, e trazidos para o sistema penitenciário de São Paulo. Com a quebra do sigilo telemático dos celulares apreendidos com o grupo, foi possível constatar como a maior facção criminosa do Brasil se organiza em outros países.
Os criminosos agiam em parceria com outros membros da organização no interior e litoral paulista, além de manter braços em Vila Velha e Guarapari, também no Espírito Santo.
Na ocasião de suas prisões, foi apreendida uma quantidade significativa de pasta-base de cocaína, que seria destinada à Europa. A droga estava avaliada, de forma conservadora, em quase R$ 9 milhões, o que poderia render 10 vezes mais caso chegasse ao seu destino.
Denúncia do Gaeco obtida pela reportagem aponta que BH, em decorrência “dos bons préstimos” ao PCC — como consolidar e ampliar a criminalidade organizada e seguir “fielmente” o “estatuto do crime” — teve sua dedicação reconhecida: ele foi nomeado para a “proeminente função” de Sintonia Geral da Rua na Espanha.
As sintonias, no PCC, são como departamentos de uma empresa, desenvolvidas quando Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, ganhou o status de líder máximo da facção, no início dos anos 2000.