Os Correios anunciaram nesta semana um pacote de medidas para enfrentar o prejuízo de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024. Uma das principais propostas prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 34 horas semanais, com impacto direto no salário dos empregados: quem aderir à medida poderá ver os vencimentos mensais caírem até 29,4%.
O levantamento, realizado pelo g1 e divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que a base salarial mensal de 87.523 servidores ativos — entre carteiros, analistas, técnicos, agentes e especialistas em saúde — é atualmente de R$ 344,7 milhões. Com a jornada reduzida para 6 horas por dia, esse valor cairia para R$ 266,4 milhões, representando uma economia mensal de R$ 78,3 milhões para a estatal.
Os dados foram obtidos a partir de arquivos divulgados pelos próprios Correios, que disponibilizam os valores de remuneração atuais e as projeções salariais para quem aceitar a mudança. A maior parte do quadro funcional (82.804 servidores) é composta por trabalhadores de nível médio. Outros 4.719 possuem formação superior.
Considerando a projeção para 12 meses, a redução total na folha salarial pode chegar a R$ 940 milhões. A estatal, no entanto, não informou por quanto tempo pretende manter a nova política de jornada.
Além da redução de carga horária, o pacote de contenção de gastos divulgado pelos Correios inclui outras medidas como:
- Suspensão temporária de férias a partir de 1º de junho de 2025 (retomada prevista para janeiro de 2026);
- Revisão de cargos e corte de pelo menos 20% nas funções comissionadas da sede;
- Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) até 18 de maio;
- Retorno obrigatório ao regime de trabalho presencial a partir de 23 de junho;
- Incentivo à transferência de agentes com manutenção de adicional mais vantajoso;
- Lançamento de novos formatos de planos de saúde, com previsão de economia de até 30%;
- Implantação de um marketplace próprio ainda em 2025.
A empresa também pretende captar R$ 3,8 bilhões com o New Development Bank (NDB) para investimentos e modernização de suas operações.
Em outra frente, os Correios anunciaram ações voltadas ao aumento de receita, como a expansão do segmento de encomendas internacionais, novas soluções logísticas para o setor público e incentivo a pequenos e médios empreendedores do e-commerce.
A expectativa da estatal é que, somadas as medidas de economia e as de geração de receita, seja possível alcançar um ganho financeiro de R$ 4,6 bilhões em 2025 — R$ 1,5 bilhão com corte de gastos e R$ 3,1 bilhões com crescimento das operações.