A nova direção do Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu retomar os planos de oferecer treinamento com as principais plataformas digitais para as suas lideranças. O objetivo é fortalecer a militância digital mirando as eleições de 2026 e a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva.
No começo do ano, a Secretaria de Comunicação, então chefiada por Jilmar Tatto, chegou a marcar data e horário para um treinamento com TikTok e Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp. Mas as críticas de alas à esquerda no partido fizeram a gestão abandonar a ideia.
Agora, com Edinho Silva na presidência nacional e Eden Valadares como novo secretário de Comunicação, o partido voltou a conversar com as empresas para colocar em prática os treinamentos. Além de TikTok e Meta, as conversas devem ser retomadas com Alphabet (Google e YouTube), Kwai e X (antigo Twitter).
A direção petista quer definir o público-alvo e o formato dos treinamentos antes de marcar os eventos. A previsão é que eles comecem a partir de outubro deste ano.
Os dirigentes têm dúvidas se farão os treinamentos de forma virtual ou presencial. Também devem bater o martelo se vão priorizar os parlamentares e suas assessorias, os profissionais nas prefeituras e governos estaduais comandados pelo PT ou os secretários de comunicação nos diretórios em cada Estado.
A leitura da nova gestão é que não é possível ignorar o poder de alcance das gigantes da tecnologia, enquanto seus adversários, sobretudo os conservadores, apostam todas as suas fichas na comunicação digital.
O Partido Liberal de Jair Bolsonaro, por exemplo, já realizou dois megaeventos com a presença das big techs para lideranças e filiados. Em 21 de fevereiro, na edição de Brasília, estiveram presentes Bolsonaro e seu filho Carlos, vereador pelo Rio de Janeiro e tido como o grande artífice da eleição do pai em 2018 em razão da estratégia digital.
Sucesso de público, o seminário de Brasília voltou a ser feito em Fortaleza em 30 de maio – e também chamou a atenção pela presença das plataformas. Nas redes sociais, usuários de esquerda criticaram o que viram como uma “aliança entre as big techs e a extrema direita”. As empresas, no entanto, dizem se tratar de treinamentos oferecidos para outros partidos, autoridades e empresas.
Em junho, a deputada Luizianne Lins (PT-CE) chegou a acionar a Procuradoria-Geral Eleitoral e a Polícia Federal acusando o PL de usar empresas como a Meta, o Google e a CapCut para treinar seus militantes políticos. Mas o PT agora pretende “copiar” a ideia.
A retomada do plano de treinar as lideranças para defender melhor suas ideias nas redes sociais vai ao encontro do desejo do próprio Lula. Em um evento em junho, ele defendeu que a militância de esquerda se dedicasse mais à batalha no meio digital, ambiente em que lideranças da direita têm levado larga vantagem em termos de engajamento e audiência.
– Muitas vezes a extrema direita faz a gente recuar. Vamos fazer uma revolução na rede digital. Cada um de vocês tem que virar um influencer na internet – cobrou Lula na ocasião.
Até junho, os petistas viviam às turras com a comunicação – no começo do ano, o presidente trocou o deputado federal Paulo Pimenta pelo marqueteiro Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação Social após queixas generalizadas com o setor.