O presidente da Rússia, Vladimir Putin, desafiou nesta quarta-feira (3) o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, a realizar em Moscou a reunião bilateral que vem sendo reivindicada, apesar de ter evitado qualquer concessão em relação à invasão iniciada em fevereiro de 2022.
“Se Zelensky está pronto, que venha a Moscou”, afirmou Putin durante uma coletiva de imprensa, na qual reconheceu que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu expressamente que aceitasse esse encontro bilateral.
Putin falou à imprensa a partir da China, onde reforçou que as garantias de segurança exigidas por Kiev têm, na visão de Moscou, limites inegociáveis. “A segurança de um país não pode ser garantida às custas de outro”, declarou, em crítica à possível entrada da Ucrânia na OTAN.
Ele também alertou sobre os planos de transferir para Kiev ativos russos congelados devido às sanções internacionais. Segundo Putin, essa medida poderia causar “um dano imenso” à economia mundial.
Apesar do impasse, o presidente russo afirmou que vê “certa luz no fim do túnel” em relação ao conflito, graças aos esforços diplomáticos de Washington. No entanto, avisou que, se as negociações de paz não avançarem, a Rússia continuará perseguindo seus objetivos “por meios militares”.
“Donald me pediu para realizar tal encontro, se fosse possível. Respondi que sim, é possível”, disse Putin, acrescentando que as tropas russas avançam “com sucesso” em quase todos os setores do front, enquanto considera a situação das forças ucranianas “crítica”, com escassez de reservas e brigadas com menos da metade do efetivo necessário.
Putin assegurou que nunca descartou a possibilidade de se reunir com Zelensky, mas questionou se tal encontro teria “algum sentido”. Durante a coletiva, também colocou em dúvida a legitimidade do presidente ucraniano por permanecer no cargo além do período presidencial, destacando que a Ucrânia não consegue realizar eleições representativas porque parte de seu território segue ocupado por tropas russas.
O líder russo ainda afirmou que Moscou está disposta a elevar o nível de representação nas negociações, mas se disse satisfeito com o trabalho do atual chefe da delegação, Vladímir Medinski, assessor presidencial.
Na véspera, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que também esteve na China e se encontrou com Putin, declarou que os líderes de Rússia e Ucrânia “ainda não estão preparados” para um passo decisivo em direção à paz.
Putin também respondeu às declarações do chanceler alemão, Friedrich Merz, que o chamou de “criminoso de guerra”. Para o presidente russo, trata-se de “uma tentativa desacertada” de transferir para outros a responsabilidade pelo início da “tragédia” na Ucrânia, que, segundo ele, remonta a 2014.
Ele voltou a acusar países europeus de terem apoiado a derrubada do então presidente ucraniano, Víktor Yanukóvich, durante a Revolução do Euromaidan, que classificou novamente como um “golpe de Estado”.