A maioria dos moradores de favelas brasileiras aprovou a megaoperação da Polícia do Rio de Janeiro que deixou 121 mortos, segundo pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira (31).
De acordo com o levantamento, 80,9% dos moradores de favelas consideraram a ação positiva, enquanto 19,1% a desaprovaram. O apoio nas comunidades é maior do que a média nacional e varia conforme a região e o perfil socioeconômico dos entrevistados.
Entre os moradores de favelas em todo o país, 81% disseram aprovar a operação. Nas comunidades da cidade do Rio, o índice sobe para 88%. Já entre os cariocas em geral, o apoio é de 62%, também acima da média nacional.
A pesquisa aponta ainda que 53% dos brasileiros consideram o uso da força policial “adequado”. No Rio de Janeiro, o percentual é maior, chegando a 62%.
Outro dado mostra o alto nível de conhecimento sobre o caso: 99% dos cariocas afirmam estar “bem informados” sobre a operação, enquanto no país esse número é de 92%.
O levantamento avaliou ainda a percepção sobre o desempenho de autoridades na Segurança Pública. Metade dos brasileiros (50%) desaprova a atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto 31% aprovam e 19% consideram regular. Entre os governadores, a desaprovação é de 35%, com 28% de aprovação e 36% de avaliação regular.
Na cidade do Rio de Janeiro, 59% desaprovam a atuação de Lula na segurança e 27% aprovam. Já o governador Cláudio Castro tem 45% de desaprovação e 36% de aprovação.
Os governadores de direita se reuniram na quinta-feira, 30, e anunciaram a criação do “Consórcio da Paz”, que consistirá na troca de experiências, ações e equipamentos para o combate ao crime organizado. Eles também rechaçaram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública.
Estiveram no encontro os governadores Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ronaldo Caiado (União), de Goiás, e Eduardo Riedel (PP), do Mato Grosso do Sul, além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou das discussões remotamente.
O chefe do Executivo paulista disse que a ação foi “necessária” e que conta com o entendimento e respaldo dos demais gestores estaduais. “Acho que é uma operação, primeiro, necessária. Você tem uma questão de domínio de território por facções criminosas, e isso configura perda de soberania”, disse Tarcísio, fazendo contraponto ao discurso de soberania nacional do presidente Lula
A pesquisa AtlasIntel também testou o apoio a medidas federais no contexto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO): 64% dos brasileiros defendem o envio de veículos blindados ao Rio, e 19% são contra. Ao solicitar ajuda federal, Castro não pediu GLO. “O governador não tem que pedir GLO. O governador pede ajuda, pede gente, infraestrutura, recurso, inteligência. O instrumento jurídico quem define é o governo federal”, afirmou Castro, em coletiva.