O PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva se apressa para definir seu próximo dirigente nacional até o fim de abril, visando resolver o racha interno causado pela disputa pelo cargo. Esse é prazo para que os concorrentes à presidência da sigla registrem suas candidaturas no processo eleitoral direto, do qual 1,6 milhão de filiados podem votar.
O racha preocupa lideranças petistas porque a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido e da qual Lula faz parte, não se entende sobre quem deve ser seu candidato. Apoiado pelo presidente, o ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva enfrenta forte resistência no grupo, principalmente após o baixo desempenho eleitoral do PT do Sudeste nas eleições municipais de 2024.
Historicamente, os candidatos da CNB, majoritária no partido, vencem a eleição interna. Ou seja: apesar de a eleição acontecer de fato somente em julho, o nome do próximo presidente do PT pode ser definido já no fim de abril, quando o grupo pretende resolver seu racha para registrar um único candidato.
Vice-presidente do PT, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, afirmou que não aceita Edinho na presidência. “Não quero concorrer, mas, se precisar, vou lançar minha candidatura. [Edinho] É uma pessoa sem expressão, não dialoga com o centro e foi derrotado eleitoralmente na própria cidade.” O ex-prefeito não conseguiu fazer seu sucessor em Araraquara, na última eleição.
O racha na CNB se intensificou quando Gleisi Hoffmann, então presidente do partido, foi anunciada como a nova chefe da articulação política do governo Lula. Adversária de Edinho Silva, ela deixou a presidência da sigla para assumir o ministério palaciano. A tesoureira da legenda, Gleide Andrade, e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também resistem ao ex-prefeito de Araraquara.
O senador Humberto Costa, nome de consenso que assumiu o “mandato-tampão” na presidência do partido até julho, passou a ser considerado uma opção a Edinho na CNB. O grupo contrário à ideia destaca que, como presidente interino, ele lidará com questões sensíveis à legenda sobre o processo eleitoral interno.