O ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, protagonizou um “fogo amigo” em uma entrevista publicada pelo jornal O Globo nesta quinta-feira (8) ao criticar a Controladoria-Geral da União por seu papel na investigação sobre as fraudes relacionadas a descontos indevidos de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para Costa, o papel da CGU seria impedir a prática de fraude, não apurá-la.
– O papel da Polícia Federal é apurar o crime. O da Controladoria é impedir o crime. São naturezas diferentes. A Controladoria-Geral tem o papel de evitar o problema, apontar falhas de procedimentos (…) Ao fim e ao cabo, nós deixamos passar dois anos, período no qual mais pessoas foram lesadas, para poder corrigir o problema? – declarou.
O ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, por sua vez, se defendeu da reclamação de que a CGU teria demorado a avisar sobre as denúncias de desvios nos pagamentos aos aposentados. Segundo ele, o órgão realizou, nos últimos anos, “várias reuniões no INSS, algumas com a presença de uma série de atores”, ocasiões em que alertou sobre a necessidade de rever procedimentos.
– Alertas sobre como melhorar os controles e necessidade de revisar procedimentos e eventualmente fazer recadastramento, revalidação, tinha sido feito nesse processo durante essas reuniões – disse o ministro em entrevista coletiva nesta quinta.
E prosseguiu.
– O que se tinha até a apuração, e a PF faz um inquérito sigiloso, era uma auditoria sendo feita na CGU sobre o INSS sobre a capacidade técnica dessas entidades, se elas tinham ou não as documentações previstas para fazer o desconto e se os aposentados estavam sendo descontados sem autorização ou não. E também sobre as capacidades e instrumentos de controle do INSS – apontou Carvalho.
O Sindicato Nacional dos Auditores e Técnicos Federais de Finanças e Controle (Unacon Sindical) também se manifestou sobre a declaração de Rui Costa e criticou o ministro. De acordo com a representação sindical, Costa revela “profundo desconhecimento das atribuições legais da CGU” com sua fala.
– As falas do ministro [Rui Costa] revelam profundo desconhecimento das atribuições legais da CGU e do processo de auditoria interna, além de configurarem grave ofensa ao corpo técnico do órgão, que, mesmo com um dos menores orçamentos da Esplanada e enfrentando déficit de pessoal, atua com profissionalismo e compromisso com o interesse público – defendeu a entidade.