O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (30), que nunca presenciou ou ouviu do ex-presidente Jair Bolsonaro qualquer intenção de promover uma ruptura institucional ou um golpe de Estado.
A declaração foi dada durante oitiva como testemunha de defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, investigado por suposto envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Em nenhuma das visitas que fiz, em nenhuma conversa, ele jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura”, afirmou Tarcísio ao STF. “Encontrei o presidente triste, recolhido. Na primeira visita, inclusive, vi a situação de saúde dele, com acessos no braço onde ele tomava medicação intravenosa. Conversávamos sobre muitas coisas, mas esse assunto nunca veio à tona.”
Segundo o governador, o ex-presidente demonstrava preocupação com o país, e não com qualquer iniciativa antidemocrática. “Encontrei o presidente triste, resignado. O único comentário era lamentar e a preocupação era que a coisa desandasse, que houvesse interrupção no curso de reformas importantes, preocupação sempre com o curso do país”, relatou.
Tarcísio também negou qualquer relação de Bolsonaro com os atos do 8 de janeiro. Questionado diretamente sobre eventual participação do ex-presidente, respondeu: “Não, nenhum [conhecimento de envolvimento]”.
Ex-ministro da Infraestrutura entre 2019 e 2022, Tarcísio contou que conheceu Bolsonaro durante o período de transição do governo, em 2018, e que foi indicado por pessoas próximas ao então presidente. “Fui levado ao presidente por pessoas do nosso ciclo de convivência. Ele me entrevistou, falou sobre a possibilidade de ser ministro, e acabou me designando para o Ministério da Infraestrutura, onde estive até março de 2022”, lembrou.
O STF começou a ouvir as testemunhas do chamado núcleo 1 da investigação em 19 de maio. As oitivas devem terminar na próxima segunda-feira (2). Por conta de compromissos de agenda, Tarcísio solicitou ser ouvido na manhã desta sexta-feira, antes da abertura das oitivas da defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, previstas para a tarde.
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