A viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão e ao Vietnã, realizada no fim de março, foi a maior do terceiro mandato até agora — tanto em número de integrantes quanto em custos. A comitiva contou com pelo menos 220 participantes, incluindo 11 parlamentares, mais de 70 servidores ligados à Presidência da República e a presença da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja. Até o momento, os gastos confirmados ultrapassam R$ 4,5 milhões.
Apesar da dimensão da missão oficial, o governo ainda não divulgou o valor total da viagem nem a lista completa dos integrantes. Questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo, a Secretaria de Comunicação (Secom) afirmou que apenas os nomes das autoridades estão disponíveis no Diário Oficial da União, e que os dados sobre as comitivas de apoio permanecem sob sigilo por até cinco anos.
Parte dos custos da viagem é coberta pelo Itamaraty, conforme prevê o Decreto nº 940/1993, mas os dados ainda não foram incluídos no Painel de Viagens do Ministério do Planejamento nem no Portal da Transparência. O cruzamento de registros oficiais, como ordens bancárias e registros no sistema Siga Brasil, permitiu à imprensa identificar integrantes e valores.
Entre os destaques da comitiva está a primeira-dama Janja, que embarcou para o Japão cinco dias antes do presidente como parte do chamado “escalão avançado”, grupo responsável pela logística da visita presidencial. Mesmo sem ocupar cargo oficial, Janja viajou em um Airbus A330-200 da FAB e utilizou classe executiva no retorno ao Brasil. Os deslocamentos dela entre Tóquio, Paris e São Paulo custaram R$ 60,2 mil.
Em defesa da viagem antecipada, Janja declarou à BBC News Brasil que a decisão visava à economia de recursos: “Obviamente, eu vim com a equipe precursora, inclusive para economizar passagem aérea. Vim um pouco antes, fiquei hospedada na residência do embaixador”.
Segundo registros do sistema Siafi, o escalão avançado somou 112 pessoas, a maioria militares, servidores do GSI e do Itamaraty, além do fotógrafo oficial Ricardo Stuckert e assessores da primeira-dama.
Um dos maiores gastos da missão foi do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Márcio Elias Rosa, que somou R$ 112,2 mil em passagens e diárias. Já o deputado Juscelino Filho (União-MA), que participou da viagem antes de deixar o cargo de ministro das Comunicações, gastou R$ 99,6 mil. Ele foi denunciado dias depois pela Procuradoria-Geral da República por suspeita de desvio de emendas parlamentares.
A missão ao Japão e Vietnã é apenas uma das 29 viagens internacionais realizadas por Lula desde o início do terceiro mandato. Na mais recente, ele embarcou para Moscou no último dia 7, acompanhado novamente por Janja, além de ministros e líderes do Congresso.
Saiba quanto custou até agora a comitiva de Lula ao Japão e Vietnã
