Saiba quem foi Igor Kirilov, o general russo assassinado em Moscou

O tenente-general russo Igor Kirilov, assassinado nesta terça-feira (16), aos 54 anos, em um atentado com bomba quando saía de sua residência, era uma das figuras mais públicas do alto comando das Forças Armadas da Rússia. Ele foi o oficial militar de mais alto escalão russo a morrer em Moscou desde o início da ofensiva russa na Ucrânia, há quase três anos.

A agência de notícias EFE publicou que a Ucrânia reivindicou o assassinato de Kirilov, de acordo com uma fonte anônima do Serviço de Segurança ucraniano (SBU), citada pela agência de notícias pública ucraniana, Ukrinform.

O SBU havia declarado no dia anterior que Kirilov era suspeito de crimes de guerra por ter ordenado o uso de armas químicas contra as forças ucranianas. Como chefe da Defesa Radiológica, Química e Biológica da Rússia desde 2017, ele frequentemente fazia aparições públicas, incluindo uma coletiva de imprensa prevista para o dia de sua morte.

A véspera do atentado, o SBU acusou Kirilov de ordenar o uso de armas químicas contra as tropas ucranianas. Segundo o SBU, desde o início da guerra em grande escala, foram registrados mais de 4.800 casos de uso de munição química sob sua ordem.

A fonte do SBU, citada pela Ukrinform, reivindicou a autoria do atentado contra Kirilov, no qual também morreu seu assistente. A fonte afirmou que Kirilov era um “criminoso de guerra e um alvo absolutamente legítimo, pois ordenou o uso de armas químicas proibidas contra os soldados ucranianos”.

Kirilov estava sob sanções de vários países, incluindo Reino Unido e Canadá, devido à sua atuação na guerra russa contra a Ucrânia. O general, de 54 anos, também foi um dos responsáveis pela criação do lançador de foguetes TOS-2, um potente sistema de lançamento de foguetes de longo alcance, com capacidade de atingir até seis quilômetros e cobrir uma área de até quatro hectares com seus foguetes.

Ele foi condecorado com o título de Herói do Trabalho da Rússia, entre outras muitas distinções.

A porta-voz diplomática russa, Maria Zakharova, lamentou a perda de um “general intrépido que nunca se escondeu atrás de outros”, e que lutou “pela pátria e pela verdade” em uma publicação no Telegram.

Em relação ao uso de armas químicas, a cloropicrina, um agente tóxico utilizado durante a Primeira Guerra Mundial como gás lacrimogêneo, foi amplamente acusada de ser empregada pela Rússia contra as tropas ucranianas, violando a Convenção sobre Armas Químicas. O governo britânico impôs sanções a Kirilov e à sua unidade, acusando-os de ajudar a implantar essas armas proibidas.

Em outubro, a Rússia negou as acusações de uso de armas químicas, afirmando que não possuía mais arsenal químico militar, mas estava sob pressão internacional para maior transparência sobre o suposto uso dessas substâncias tóxicas.

O assassinato de Kirilov segue uma série de atentados a figuras russas de alto perfil, incluindo Darya Dugina, filha do ideólogo nacionalista Aleksandr Dugin, que foi morta em um atentado com carro-bomba em 2022, e o bloguero militar Vladlen Tatarsky, morto em abril de 2023 em uma explosão em São Petersburgo.


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