Senado Federal impõe sigilo de 100 anos a visitas do “Careca do INSS”

O Senado Federal decidiu impor sigilo de 100 anos sobre eventuais registros de entrada do lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, em suas dependências. A informação foi revelada pelo portal Metrópoles nesta sexta-feira (25), após pedido via Lei de Acesso à Informação (LAI) feito no início de julho.

A justificativa da Casa para negar o acesso aos dados foi o caráter “pessoal” das informações, citando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e o decreto que regulamenta a LAI. “Os dados solicitados consistem em informações de caráter pessoal, haja vista se referirem a pessoa natural identificada”, respondeu o Senado.

A medida contraria o entendimento da Controladoria-Geral da União (CGU), que considera haver interesse público na divulgação de registros de acesso a órgãos públicos. Segundo a CGU, essas informações são essenciais para fiscalizar possíveis conflitos de interesse e verificar a compatibilidade com as agendas de autoridades.

Apesar do sigilo imposto pelo Senado, a Câmara dos Deputados atendeu ao mesmo pedido e afirmou que não há registros de entrada de Antunes na Casa desde 1º de janeiro de 2019.

Encontros com parlamentares e atuação nos bastidores

O senador Weverton Rocha (PDT-MA) admitiu já ter recebido o Careca do INSS ao menos três vezes em seu gabinete. Antunes é apontado como um dos principais articuladores da chamada “Farra do INSS”, esquema bilionário envolvendo descontos irregulares em aposentadorias e pensões, revelado pelo Metrópoles.

Weverton, além de manter relação com o lobista, foi responsável pela indicação de André Fidélis à diretoria de Benefícios do INSS — cargo do qual Fidélis foi afastado em 2024, no início das investigações sobre os descontos indevidos.

Outro episódio envolvendo Antunes ocorreu em março de 2023, quando ele foi recebido fora da agenda oficial por Adroaldo da Cunha Portal, então chefe da Secretaria do Regime Geral de Previdência Social e atual secretário-executivo do Ministério da Previdência. Segundo Adroaldo, o encontro não estava agendado e ele não sabia quem era o lobista — que acompanhava um representante de correspondente bancário.


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