O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante participação no evento UBS Wealth Management Latam Summit, na capital paulista. Segundo o governador, os chefes de Executivo estaduais de direita e centro-direita vão se reunir até março do ano que vem e, com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotar o petismo em 2026.
– Não tenha dúvida, nós vamos tirar o Brasil do PT – afirmou nesta quarta-feira (26).
Tarcísio afirmou existir um “grande respeito” pela liderança construída pelo capitão reformado ao longo dos últimos anos; disse ainda enxergar no ex-presidente um capital político que precisa ser considerado. O governador avaliou que essa influência será relevante para “pacificar arestas” dentro do campo da direita e ajustar divergências internas. Para ele, não há dúvida de que Bolsonaro ainda exercerá um papel central nesse processo.
Nesta terça-feira (25), Bolsonaro começou a cumprir a pena de 27 anos de prisão e três meses pela liderança da tentativa de golpe de Estado. Ele está detido em uma sala especial na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
– Esse arranjo é muito mais provável do que se imagina, vai ser muito mais forte do que se imagina e vai ser um arranjo vitorioso – disse o governador.
– Não tenham ansiedade (…) Não existe isso: “Ah, é dezembro”. Não, não é. Pode ser janeiro, pode ser fevereiro, pode ser março. E não tem problema, vai dar tempo.
Tarcísio afirmou manter diálogo frequente com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e outros membros da família, incluindo o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro (PL). Segundo ele, suas experiências militares criaram vínculos que explicam o laço de amizade e gratidão que mantém com Jair Bolsonaro, algo que descreveu como “inquebrantável”.
O governador reiterou que, independentemente das dificuldades enfrentadas por Bolsonaro, continuará oferecendo apoio e solidariedade e disse planejar uma visita para levar pessoalmente essa mensagem.
Tarcísio questionou se o tratamento dado ao capitão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) tem sido adequado, ponderando se é razoável impor restrições mais duras “a um ex-presidente de 70 anos que recebeu 60 milhões de votos”. Ele comparou a situação com a de outros investigados que obtiveram prisão domiciliar e indagou por que o mesmo benefício não poderia ser concedido ao ex-chefe do Executivo.
O governador também lamentou as “oportunidades perdidas” diante do que considera um cenário de juros excessivamente altos, afirmando que ninguém poderia estar satisfeito com uma taxa de 15% ao ano. Para Tarcísio, o patamar atual é resultado direto de um “governo gastador”, que, ao elevar despesas, pressiona a necessidade de financiamento e empurra a taxa para cima. Ele ainda avaliou que o país precisará de uma reforma orçamentária, com medidas como desvinculação de receitas, desindexação e redução de investimentos obrigatórios.
– Tem um pessoal que às vezes fica feliz e celebrando até, em alguns lugares: “Olha, fulano recuperou um pouco, tal, virou favorito”. Beleza. Se ganhar a eleição, como é que fica? Vai ter um encontro com 2027. (…) Então, não adianta: você vai enfrentar o problema das contas logo ali na frente. E aí: vai ter pulso para fazer as reformas e se colocar contra a base ou vai deixar o Brasil quebrar e mergulhar numa recessão?
Tarcísio citou governadores como Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Ratinho Júnior (PSD), do Paraná, Eduardo Leite (PSD), do Rio Grande do Sul, e Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, como exemplos de gestores que, segundo ele, “fizeram o dever de casa” e recuperaram estados antes fragilizados.
Ao mencionar o ex-ministro de Bolsonaro Paulo Guedes como “um luxo” pela formação e visão econômica, disse acreditar que a direita, apesar de parecer desorganizada, deve apresentar um projeto nacional baseado em pilares como desburocratização, desindexação, desvinculação e uma combinação de diretrizes liberais e conservadoras.
Nesse sentido, ele destacou o período pós-impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e o projeto “Ponte para o Futuro”, afirmando que a transição liderada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) conseguiu implementar reformas relevantes – como a trabalhista, o teto de gastos e a agenda de parcerias – em um ambiente que o mercado via que tinha saído de uma era antibusiness para uma era pró-business.