O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou, em entrevista ao programa “Roda Viva” da TV Cultura, que as críticas do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Judiciário brasileiro, acabaram fortalecendo a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Esse gesto dos EUA recuperou a figura do Lula, invocou-se soberania nacional, ‘aqui ninguém põe o pé, etc’. Levantou a história eleitoral do Lula”, declarou Temer na segunda-feira (15). Segundo ele, o petista soube instrumentalizar a questão das sanções norte-americanas para reforçar seu discurso de soberania nacional.
Apesar de reconhecer o ganho político para Lula, Temer criticou a postura do presidente brasileiro e defendeu uma postura de diálogo. “Nessas questões, não se deve pensar em uma questão eleitoral, deve se pensar no Brasil. Eu telefonaria para o Trump. O diálogo é fundamental. Você sabe que eu acho que ele atenderia o telefone. E se atende, começa um diálogo”, afirmou o ex-presidente.
Temer também comentou sobre o artigo assinado por Lula e publicado no New York Times no domingo (14). “Lamento dizer, mas esta carta foi provocativa, foi uma carta para o povo brasileiro. Lá na carta é dito que Trump é desonesto, que é falso”, disse.
Desde que os Estados Unidos anunciaram tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, Lula ainda não manteve contato direto com Trump. No dia da entrada em vigor das tarifas, em 6 de agosto, o presidente afirmou ter a “intuição” de que Trump não deseja conversar e que, portanto, não se humilhará para tentar resolver a situação. Um mês depois, em 5 de setembro, Lula reiterou que Trump “não quer conversar” sobre o chamado tarifaço, apesar de o republicano ter afirmado que o presidente brasileiro “pode ligar quando quiser”.
Temer critica Lula e diz que carta a Trump foi “provocativa”
