Em meio à escalada de tensões diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, o ex-presidente Michel Temer (MDB) se manifestou, nesta quarta-feira, 23, em defesa do diálogo entre os dois países. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o emedebista lamentou a decisão do governo norte-americano de revogar os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O ex-chefe do Executivo classificou a medida anunciada pelo presidente Donald Trump como “injustificável e inadmissível”, mas alertou para os riscos de uma reação baseada em retaliações e hostilidades.
“São inadequações que não se resolvem com bravatas, com ameaças, com retruques, com agressões”, afirmou Temer, ao salientar a importância da resolução do conflito. “Na tempestade, é hora de procurar abrigo no porto seguro do diálogo.”
O pronunciamento do ex-presidente ocorre em um contexto delicado: nos últimos dias, o governo dos EUA elevou as tarifas sobre produtos brasileiros e, em ato considerado simbólico, cancelou vistos diplomáticos de integrantes da cúpula do Judiciário. É uma resposta às denúncias de violações de direitos civis no Brasil e à crescente politização do sistema judicial — com o Supremo no centro desse enredo, acusado de agir como ator político e de reprimir adversários do governo Lula.
O que propõe Michel Temer
Temer, que já exerceu papel de mediador em crises institucionais, evitou criticar diretamente o governo brasileiro ou o STF, mas insistiu na importância de se preservar a imagem do país no cenário internacional. “A democracia se sustenta pelo respeito mútuo e pela busca de consensos”, afirmou. “Devemos agir e reagir como uma nação livre e soberana, sem excessos de ambas as partes.”
Ao defender a diplomacia como o caminho legítimo para a resolução de conflitos, Temer destacou a importância da interlocução entre os Poderes Legislativos e os chefes de Estado, além da atuação da diplomacia tradicional. “É difícil?”, perguntou o ex-presidente. “Pode ser. Mas não pode deixar de ser tentado.”
