Pelo menos 78 pessoas perderam a vida e mais de 100 foram resgatadas após o naufrágio de uma embarcação com migrantes nas águas próximas à península do Peloponeso, sul da Grécia, conforme relatado pela Guarda Costeira nesta quarta-feira, 14. A embarcação, que transportava centenas de migrantes, afundou em águas internacionais, a 47 milhas náuticas (87 quilômetros) da costa grega. Apesar dos esforços de resgate, o número de mortos pode aumentar, de acordo com a Guarda Costeira, que já atualizou o balanço da tragédia duas vezes.
A operação de resgate foi dificultada pelas condições climáticas, com fortes ventos. No entanto, foram resgatadas 104 pessoas, sendo que quatro delas estavam em estado crítico e foram levadas de helicóptero para um hospital em Kalamata, ao sul do Peloponeso. As autoridades gregas informaram que, no momento do naufrágio, nenhum dos ocupantes da embarcação estava usando colete salva-vidas. Até o momento, as nacionalidades das vítimas não foram divulgadas.
Um avião de vigilância da agência europeia Frontex detectou a presença da embarcação na tarde de terça-feira, mas os passageiros a bordo “rejeitaram a ajuda”, de acordo com comunicado divulgado pelas autoridades portuárias gregas. A operação de resgate contou com a participação da Guarda Costeira, de uma fragata da Marinha, de um avião e um helicóptero da Força Aérea, além de seis barcos que já estavam na região. A tragédia desperta preocupação sobre a crescente crise migratória e a necessidade de ações efetivas para evitar novas perdas de vidas humanas.
Segundo as autoridades, tudo indica que a embarcação partiu da Líbia e tinha a Itália como destino. Além disso, nesta mesma quarta-feira, um veleiro com 80 migrantes a bordo, que enfrentava dificuldades nas proximidades de Creta, também foi resgatado e rebocado pela Guarda Costeira até o porto de Kaloi Limenes, no sul da ilha, próximo à Líbia, conforme informado pela polícia portuária grega. A Grécia, juntamente com a Itália e a Espanha, continua sendo um dos principais destinos de dezenas de milhares de pessoas que tentam chegar à Europa, vindas da África e do Oriente Médio.
Com sua extensa fronteira marítima, a Grécia tornou-se uma rota frequente de imigrantes provenientes da vizinha Turquia. O país tem enfrentado um aumento nas tentativas de entrada por rotas próximas às ilhas Cíclades e ao Peloponeso, a fim de evitar as patrulhas no Mar Egeu, mais ao norte, que têm sido cenário de inúmeros naufrágios, muitas vezes fatais.
A Grécia é frequentemente acusada de rejeitar “ilegalmente” a presença de barcos de migrantes, o que levanta questões sobre a necessidade de políticas mais humanitárias e eficazes para lidar com a crise migratória na região. A tragédia recente destaca a urgência de ações coordenadas entre os países europeus para prevenir novos naufrágios e garantir a segurança daqueles que arriscam suas vidas em busca de melhores condições de vida e refúgio. Medidas como o fortalecimento da cooperação internacional, o aumento dos recursos para operações de resgate e a criação de vias legais e seguras para a migração são fundamentais para lidar com essa crise humanitária.