Uma tribo indígena da Amazônia brasileira moveu um processo contra o The New York Times, alegando que a reportagem do jornal sobre a primeira interação da tribo com a Internet apresentou seus membros como viciados em tecnologia e pornografia. As informações foram divulgadas pela AP nesta sexta-feira (23).
A ação da tribo Marubo, localizada no Vale do Javari e composta por cerca de 2.000 pessoas, foi apresentada nesta semana em um tribunal de Los Angeles, exigindo centenas de milhões de dólares em indenização.
Além do The New York Times, o processo menciona o TMZ e o Yahoo como réus, alegando que suas reportagens sensacionalistas amplificaram as informações da matéria do jornal nova-iorquino, resultando em danos adicionais à imagem da tribo.
Entenda:
Tudo começou com uma reportagem publicada em junho de 2024, do jornalista Jack Nicas, que abordava como o grupo estava se adaptando à introdução do serviço de satélite Starlink, desenvolvido por Elon Musk. O texto, segundo o processo movido pela tribo, “retrata o povo Marubo como uma comunidade incapaz de lidar com a exposição básica à Internet, destacando alegações de que sua juventude havia sido consumida pela pornografia”.
De acordo com a ação judicial, o jornal “atacou o caráter, moralidade e a posição social de um povo inteiro, sugerindo que eles não têm a disciplina ou os valores para funcionar no mundo moderno”.
Em declaração à Associated Press, um porta-voz do New York Times afirmou que o veículo pretende “se defender vigorosamente” contra o processo: “Uma leitura imparcial deste artigo demonstra uma exploração sensível e sutil dos benefícios e complicações das novas tecnologias em uma aldeia indígena remota com uma história orgulhosa e cultura preservada”, afirmou o representante.