O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a endurecer o discurso em defesa das empresas de tecnologia americanas. Na noite de segunda-feira (25), em publicação na rede social Truth Social, ele ameaçou aplicar tarifas “substanciais” contra países que criarem legislações ou regulações que, segundo ele, prejudiquem as chamadas big techs.
“Impostos, legislação e regulamentações de mercados digitais são todos projetados para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana”, afirmou.
Trump disse ainda que, caso os governos não removam tais medidas, pretende retaliar com barreiras comerciais. “A menos que essas ações discriminatórias sejam removidas, eu, como Presidente dos Estados Unidos, imporei tarifas adicionais substanciais às exportações daquele país para os EUA e instituirei restrições à exportação de nossa tecnologia e chips altamente protegidos”, declarou.
Segundo o republicano, os Estados Unidos não aceitarão mais ser explorados nesse setor. “Os Estados Unidos e as empresas de tecnologia americanas não são mais o ‘cofrinho’ nem o ‘capacho’ do mundo. Mostrem respeito aos Estados Unidos e às nossas incríveis empresas de tecnologia ou considerem as consequências!”, escreveu.
O Brasil pode ser afetado pela medida, já que discute atualmente a regulamentação das big techs. O tema tem sido acompanhado de perto por conselhos e representantes dessas empresas nos Estados Unidos, que já reclamaram de possíveis impactos da legislação brasileira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou a fala de Trump durante a reunião ministerial desta terça-feira (26). Segundo ele, embora o setor seja relevante para os EUA, não pode ser tratado como intocável em outros países.
“Para nós, elas (as big techs) são patrimônio americano, mas não são nosso patrimônio”, afirmou Lula, defendendo a soberania nacional.
A publicação de Trump também menciona a China, acusada de receber tratamento mais brando em comparação a outros países. O republicano chegou a anunciar, nesta segunda-feira (26), que poderá impor uma tarifa de 200% sobre produtos chineses caso Pequim não libere o fornecimento de ímãs aos Estados Unidos.
O movimento faz parte da disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias do mundo. Em abril, o governo chinês incluiu ímãs e outros itens ligados a terras raras na lista de produtos com restrição de exportação, em resposta ao aumento das tarifas americanas.
Atualmente, as tarifas dos EUA sobre importações chinesas estão em 30%, enquanto as da China sobre produtos norte-americanos permanecem em 10%. Os percentuais foram definidos em um acordo assinado em maio e prorrogado em agosto por mais 90 dias.
Eis a íntegra da declaração de Trump:
‘Como Presidente dos Estados Unidos, enfrentarei os países que atacam nossas incríveis empresas de tecnologia americanas. Impostos digitais, legislação de serviços digitais e regulamentações de mercados digitais são todos projetados para prejudicar ou discriminar a tecnologia americana. Eles também, escandalosamente, dão passe livre às maiores empresas de tecnologia da China. Isso precisa acabar, e acabar AGORA! Com esta VERDADE, notifico todos os países com impostos, legislação, regras ou regulamentações digitais de que, a menos que essas ações discriminatórias sejam removidas, eu, como Presidente dos Estados Unidos, imporei tarifas adicionais substanciais às exportações daquele país para os EUA e instituirei restrições à exportação de nossa tecnologia e chips altamente protegidos. Os Estados Unidos e as empresas de tecnologia americanas não são mais o “cofrinho” nem o “capacho” do mundo. Mostrem respeito aos Estados Unidos e às nossas incríveis empresas de tecnologia ou considerem as consequências!’