O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (27) a ruptura imediata das negociações comerciais com o Canadá, em reação à decisão do governo canadense de manter o imposto sobre serviços digitais. Para Trump, a medida representa “um ataque direto e flagrante ao nosso país”.
Por meio de sua plataforma Truth Social, Trump criticou o Canadá por impor, há anos, tarifas de até 400% sobre produtos lácteos americanos, especialmente prejudicando agricultores dos EUA. Ele afirmou que o país vizinho comunicou a introdução do novo imposto, que incide sobre empresas de tecnologia americanas. “Os Estados Unidos consideram encerradas TODAS as discussões comerciais com o Canadá, com efeito imediato”, declarou o presidente, acrescentando que em até sete dias seu governo comunicará novas tarifas que o Canadá terá de pagar para negociar com os EUA.
O imposto canadense, defendido pelo ministro das Finanças François-Philippe Champagne, estabelece uma taxa de 3% sobre a receita obtida por meio de serviços digitais oferecidos a residentes canadenses. A medida afeta diretamente gigantes norte-americanos como Meta, Amazon, Google, Uber e Airbnb. A cobrança começa a valer na próxima segunda-feira (30), com caráter retroativo desde 2022, e a expectativa é que gere uma arrecadação próxima a 2 bilhões de dólares para o governo canadense.
Champagne confirmou que o imposto digital será aplicado a todas as empresas — nacionais ou estrangeiras — que gerarem mais de 20 milhões de dólares em receita digital oriunda de usuários canadenses. Ele ressaltou que a cobrança fazia parte das negociações bilaterais em andamento, em resposta às “tarifas recíprocas” impostas pela administração Trump.
Até então, a data limite para fechar novos acordos comerciais em meio às tensões tarifárias estava marcada para 9 de julho, mas Trump já havia sinalizado a possibilidade de antecipar esse prazo. O presidente também acusou o Canadá de “copiar a União Europeia” ao implementar esse tipo de imposto sobre empresas de tecnologia.
Em paralelo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, informou que o governo americano fechou acordo com o G7 para isentar as multinacionais dos EUA do imposto global de 15% sobre lucros, previsto no Acordo Fiscal Global da OCDE. “Os impostos do Pilar 2 da OCDE não serão aplicados às empresas americanas e vamos cooperar para implementar esse acordo no âmbito inclusivo OCDE-G20 nas próximas semanas e meses”, afirmou Bessent.
As tensões entre os dois países afetam setores estratégicos como tecnologia e agricultura, com impactos imediatos no comércio norte-americano e nas grandes multinacionais digitais.
