A 20ª cúpula do G20 começa neste sábado, 22, em Joanesburgo, na África do Sul, sem representação dos Estados Unidos. O presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu boicotar o encontro por desentendimentos com o governo de Cyril Ramaphosa, a quem acusa de cometer um “genocídio contra brancos”.
A decisão de faltar ao evento ocorre no pior momento das relações entre Washington e Pretória, o governo sul-africano. Trump acusa o país de perseguir sua minoria branca com uma nova lei de reforma agrária que prevê desapropriar terras.
O argumento do governo da África do Sul, porém, é de que a legislação vai reduzir a desigualdade. Isso porque, mesmo sendo a minoria da população, os brancos sul-africanos possuem 72% das terras agrícolas.
Pesam ainda na tensão o corte de ajuda externa com o desmonte da Usaid e o processo movido pela África do Sul na Corte Internacional de Justiça contra Israel. Questionado sobre a ausência, Ramaphosa afirmou que os Estados Unidos saem perdendo. “[Os EUA] precisam pensar se um boicote, na política, costuma funcionar”, disse. “Minha experiência diz o contrário.”
Também não participarão o argentino Javier Milei, que enviará o chanceler Pablo Quirno; a mexicana Claudia Sheinbaum; e o russo Vladimir Putin. Os demais líderes confirmaram presença, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
G20: ausência dos EUA abre espaço pra China
A ausência dos EUA oferece uma chance para que outros países, especialmente a China, assuma o vácuo de liderança. O país enviou o primeiro-ministro Li Qiang, em vez do presidente Xi Jinping.
As pautas da agenda da África do Sul incluem a preparação para desastres induzidos pelo clima, dívida sustentável para nações de baixa renda, financiamento de transições de energia e garantia de que a corrida por minerais essenciais beneficie os produtores.
Uma cúpula sem o país mais poderoso do mundo, no entanto, dificilmente aprovará uma declaração significativa. Isso deve limitar avanços e a força da declaração final. Além disso, no final da cúpula, Ramaphosa terá de entregar simbolicamente o G20 ao próximo anfitrião. Que, por acaso, é Trump. “Não quero passar o cargo para uma cadeira vazia, mas a cadeira vazia estará lá”, disse o presidente na semana passada.