Trump ordena retomada imediata de testes nucleares após 32 anos

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (29) que ordenou às Forças Armadas que retomem imediatamente os testes com armas nucleares, algo que não ocorre há mais de três décadas. A decisão, segundo ele, é uma resposta ao avanço dos arsenais de Rússia e China.


“Por causa dos programas de testes de outros países, instruí o Departamento de Guerra a iniciar testes das nossas armas nucleares em igualdade de condições”, escreveu Trump na rede Truth Social. “Esse processo começará imediatamente”, completou o presidente.

Os Estados Unidos não realizam testes nucleares explosivos desde 1992, mantendo desde então uma moratória voluntária sobre esse tipo de prática. Entre 1945 e 1992, o país conduziu mais de mil testes do tipo.

Embora Rússia e China não tenham anunciado publicamente novos testes nucleares desde os anos 1990, há suspeitas de que Pequim tenha realizado experimentos secretos de baixa intensidade nos últimos anos. Já o presidente russo, Vladimir Putin, tem evitado descartar a possibilidade de futuras detonações e ostenta o desenvolvimento de armas nucleares avançadas, como o torpedo Poseidon, projetado para provocar tsunamis radioativos de até 500 metros de altura, segundo a mídia estatal russa.

Outro projeto, o míssil de cruzeiro nuclear Burevestnik, foi descrito como um “pequeno Chernobyl voador” e considerado “invencível” por Moscou. Nos testes recentes, no entanto, nenhuma ogiva nuclear foi detonada, apenas os sistemas de lançamento foram testados.


Em sua publicação, Trump afirmou que os EUA possuem o maior arsenal nuclear do mundo, resultado — segundo ele — de uma ampla modernização durante seu primeiro mandato. “Devido ao tremendo poder destrutivo, eu ODEIEI fazer isso, mas não tive escolha!”, escreveu. “A Rússia é a segunda, e a China é um distante terceiro, mas alcançará o mesmo nível dentro de cinco anos”, alertou.

Durante sua campanha eleitoral, o republicano vinha se referindo às armas nucleares como “a palavra N”, destacando o potencial devastador desse tipo de armamento. Ele também afirmou que seu tio, o falecido professor do MIT John Trump, o ensinou “o quão poderoso é o nuclear”.

O anúncio de Trump ocorreu na véspera de uma reunião com o presidente chinês Xi Jinping, na Coreia do Sul, marcada para discutir temas de segurança e comércio. O presidente norte-americano evitou responder perguntas de jornalistas sobre o tema antes do encontro.

A decisão, porém, gerou críticas imediatas. Daryl Kimball, diretor executivo da Arms Control Association, afirmou que Trump está “mal informado e fora da realidade”.
“Os Estados Unidos não têm razão técnica, militar ou política para retomar testes nucleares pela primeira vez desde 1992”, escreveu Kimball na rede X (antigo Twitter). Segundo ele, levaria ao menos 36 meses para reativar o antigo campo de testes subterrâneos em Nevada.

Kimball também alertou que nenhum país, exceto a Coreia do Norte, realizou testes nucleares neste século. “Ao anunciar de forma irresponsável sua intenção de retomar os testes, Trump provocará forte oposição pública em Nevada, críticas de aliados dos EUA e poderá desencadear uma reação em cadeia de testes por adversários — além de comprometer o Tratado de Não Proliferação Nuclear”, destacou.

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