O Supremo Tribunal Federal (STF) tornou público nesta terça-feira (3) os vídeos dos depoimentos das testemunhas no julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.
No vídeo, gravado durante o depoimento de Aldo Rebelo no último dia 23, é possível observar o diálogo entre o ministro Alexandre de Moraes e o ex-presidente da Câmara. Moraes utiliza um tom firme ao pedir que Rebelo se atenha “aos fatos”, enquanto Rebelo responde que “não admite censura”.
Rebelo depôs como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. Durante o depoimento, o advogado Demóstenes Torres questionou Rebelo sobre a possibilidade de o almirante mobilizar tropas para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder.
Em sua fala, Rebelo afirmou que “é preciso levar em conta que, na língua portuguesa, nós conhecemos aquilo que se usa muitas vezes, que é a força da expressão”.
Ele explicou: “A força da expressão nunca pode ser tomada literalmente. Quando alguém diz que ‘estou frito’ não significa que está dentro de uma frigideira, quando diz que ‘está apertado’ não significa que está submetido a uma pressão literal. Quando alguém diz estou à disposição, a expressão não precisa ser lida literalmente”.
O ministro Moraes respondeu que Rebelo não participou da reunião com os comandantes das Forças e, por isso, não tinha “condição de avaliar a língua portuguesa naquele momento”.
Rebelo respondeu: “Em primeiro lugar, a minha apreciação da língua portuguesa é minha e eu não admito censura”.
Em seguida, Moraes alertou: “Se o senhor não se comportar, o senhor será preso por desacato”.
Dois dias antes, o ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior afirmou ao STF que Garnier colocou as tropas à disposição de Bolsonaro. “Eu não fiquei sabendo à toa que a Marinha tem 14 mil fuzileiros”, disse Baptista Junior.